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A Porta das Sombras

A Porta das Sombras é uma história criada originalmente por membros deste blog. Nessa página você pode ver todos os capítulos dessa história (todos que foram postados até agora)
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JMD PRODUÇÕES 
apresenta

A PORTA DAS SOMBRAS
Cuidado com a sua sombra, ela está mais perto do que você imagina

Resumo

Música tema da série:


CAPÍTULO 1
James estava prestes a tomar uma decisão difícil. Ele tinha que bolar um plano para protegê-la. Ou então encontrar a porta. Mas como? 

Bom, a situação não estava nada fácil desde que James perdeu os seus pais numa morte cruel. Agora, teria de decidir o que fazer com a pouca herança que os seus falecidos pais deixaram para ele. Não era nada fácil decidir o que fazer, afinal, James não era o filho único do casal falecido. Ele tem mais três irmãos - dois mais novos que ele e um mais velho, chamado Douglas. James era o mais responsável, e tinha que cuidar de Laura e Michael, seus irmãos mais novos. Douglas era um rato mal, que se rebelou contra seus irmãos e pais e foi morar sozinho, após conseguir um ótimo emprego no QueijoKis, uma das empresas mais famosas de todo o Transformice. Douglas ficou rico com o tempo. Mas mesmo assim, ele queria roubar o dinheiro da família, mas nunca conseguiu. E agora que seus pais estavam mortos, James tem que proteger a herança da melhor forma possível. 

O dinheiro que lhe restara na herança era a sua única forma de sustento. Pois é, ele estava desempregado, pois tinha apenas 19 anos. É claro que ele já podia trabalhar, mas como deixou a escola cedo demais, haviam poucas oportunidades de emprego. Além disso, Laura tinha só 2 anos, e Michael tinha 8. Não havia condições de contratar uma babá e muito menos de deixá-los sozinhos por muito tempo.

- Tenho que pensar em um jeito de esconder nossa herança para que Douglas não a roube. - Pensou James.

Mas afinal, o que havia de tão importante naquela herança? Não, não era só o mísero dinheiro. Havia também um objeto muito valioso. Segundo o pai de James, esse objeto era a chave para abrir a Porta das Sombras, escondido em algum lugar do planeta Transformice. Douglas também sabia disso, e por isso queria roubar a chave de James para abrir a porta primeiro. Sabe o que tinha atrás daquela porta? Ninguém sabia, mas Henrique, pai de James, lhe disse que era algo muito valioso. Mas ele nunca disse o que é especificamente.

- Se eu deixar aqui na nossa toca* ele vai vir aqui, invadir e roubar a herança. Tenho que bolar um plano. - Disse James para si mesmo.

O dia já estava quase clareando quando James finalmente teve uma ideia.

- É isso! Depois de pensar tanto finalmente eu fiz bom uso da minha inteligência. Vou preparar as malas e calcular os custos outra vez.

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*Toca é a casa dos ratos. Assim, é como se estivesse dizendo: "nossa casa".

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CAPÍTULO 2
Quando o dia amanheceu, Michael acordou com Laura chorando à berros. Logo veio James com a mamadeira da menina, que ao ver, parou de chorar imediatamente. Michael se inclinou um pouco para frente, com os olhos ainda meio fechados, e viu algumas malas pelo chão. Daí perguntou para James com voz sonolenta:

- Pra quê essas malas? Não me diga que vamos mudar de toca novamente? Porque eu não aguento mais mudança atrás de mudança, e cada vez a moradia vai piorando. O que pode ser pior do que este lugar horrível onde moramos?

- Calma Michael, não vamos nos mudar. É melhor que isso: vamos viajar!

- Hã?? Viajar?? - Michael assustou-se. - Mas não temos dinheiro nem pra comprar comida direito!

- Sossega maninho. Eu sei o que estou fazendo. Vamos usar o dinheiro da herança que nossos pais nos deixaram.

- Acho que ainda estou sonhando! Meu Deus, esse é o nosso único dinheiro!

- Mas é para uma causa muito importante: vamos encontrar a Porta das Sombras!

Depois disso Michael arregalou os olhos, e os dois se calaram. O silêncio prosseguia, até que Laura começou a chorar novamente. James teve que trocar sua fralda.
Voltando para o quarto, James diz para Michael:

- Já arrumei as malas. Partimos depois do almoço para não ficar muito tarde. 

 Após o almoço, James, Laura e Michael pegaram suas malas e queijos e saíram andando até uma pequena casinha, que ficava mais ou menos à uns 30 minutos dali a pé. A casa ficava beirando o mar, e havia diversos tipos de barcos ao redor.

James bateu na porta duas vezes. Ninguém apareceu. Quando ia bater pela terceira vez, eis que surge um homem gordo de toalha, que os atende.

- Matheus! Como está amigo? Quanto tempo, hein! - Disse James sorridente.

- James, velho amigo! Já não te vejo desde a 4ª série! Estou bem sim, e você?

- Estou ótimo! Preciso falar com você sobre uma coisa urgente.

- Ah, claro. Pode entrar. E desculpe atendê-los dessa maneira, é que eu estava tomando banho. Poderia aguardar um minuto, por favor, até que eu vista algo?

- Claro, estarei esperando aqui.

- Fique à vontade!

Enquanto estava na sala, James observava uma coleção de barcos e peças na estante. Haviam barcos de guerra, de pirata e todo tipo. Uns minutos depois, Matheus volta.

- Achei interessante a sua coleção de barcos. - Comentou James.

- Obrigado! Sou fascinado por eles, como pode perceber. Mas também gosto muito de coisas diferentes, misteriosas, interessantes...

- Legal, eu também gosto de coisas assim. Por isso que vim te pedir...

Enquanto James falava, berros e choro o interrompe vindo do banheiro. Eram os gritos de Laura. James reconhece e os três correm imediatamente para o banheiro, onde encontram Laura se afogando na banheira cheia d'água.

- Meu Deus!!! Laura!!! - Dizendo isso, James corre em direção à banheira e pega rapidamente a ratinha, retirando-a de lá.

- Essa não! Me desculpe, eu esqueci de esvaziar a banheira! 

- Laura você está bem? Laura, Laura!!! Droga, eu não devia ter me descuidado! Chamem a ambulância!!

Matheus corria para o telefone quando Michael diz:

- James, espera! Os olhos dela estão abrindo, veja!

- Graças à Deus! Maninha, você está bem?

Laura cuspiu um pouco de água e tossiu algumas vezes. Depois disso começou a chorar novamente.

Três horas depois, todos perceberam que Laura estava bem novamente, quando desceu do colo de James e foi brincar com o queijo de brinquedo que tinha.

- Parece que ela já está melhor. - Disse Matheus aliviado - Desculpe de novo.

- Tudo bem, não foi culpa sua. - Consolou James.

Depois de um tempo em silêncio, Matheus perguntou para James:

- Mas então, o que você queria me falar mesmo?

- Aé, já ia até esquecendo! É que nós três decidimos viajar para um lugar e precisamos de um dos seus barcos. Pode ser o mais simples. Poderia nos alugar algum? 

- Hum... poderia. Mas antes me responda: Para onde você pretende ir?

- Para a ilha onde está escondida a Porta das Sombras.

- Porta das Sombras? Nunca ouvi falar.

- É claro que não. Acontece que eu tenho a chave dessa porta, que o meu pai me deixou de herança antes de morrer. Ele disse que atrás dela existe algo muito valioso. E estou disposto a gastar todo o meu dinheiro porque eu confio no meu pai.

- Ah! Mas eu não vou alugar nem emprestar o meu barco...

- Por favor! Darei tudo o que tenho!

- Não, em vez disso... eu vou junto com você.

- Maravilha! Obrigado Matheus, você tem um grande coração!

- O coração dele deve ficar na barriga então... - Pensou Michael.

- Não foi nada, cara. Você não pode ficar sem dinheiro. Como vai comer? Então vou te ajudar nessa, por vocês e pelo seus pais. Além disso, estou te devendo pelo que aconteceu hoje com a Laura.

- Ah, aquilo não foi nada! Obrigado mais uma vez! - Agradeceu James.

- Partimos amanhã de manhã. Já está tarde, então você pode dormir aqui mesmo hoje.

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CAPÍTULO 3
Matheus colocava o barco na água enquanto James trocava a fralda de Laura e Michael ia ao banheiro.

- Vou levar um bote salva-vidas só para garantir - Disse Matheus.

- Boa ideia. Nunca se sabe o que pode acontecer.

Assim que tudo está pronto, James, Matheus, Laura e Michael partem para a grande aventura em busca da misteriosa Porta das Sombras.

- James, estou com uma dúvida. Como encontraremos a porta? - Perguntou Matheus.

- Bom, depois de investigar bem a chave, percebi que ela tem marcas e pequenos mapas que sem dúvida levam até a ilha Brakemod, no Oceano Ratlântico.

- Hum, é um bom lugar para esconderem a porta, já que ela é bem escondida e de difícil acesso. E isso quando a ilha não está submersa, ?

- É verdade. Mas como você sabe de tudo isso?

- Já fui um historiador, mas desisti da profissão.

- Ah... Pois é, acho que a viagem vai ser longa!

- Sim, e muito! A ilha fica à mais de 10 dias daqui de barco!


9 DIAS DEPOIS...

Ainda de madrugada, Michael acorda James lhe dizendo:

- James, acorda! Acorda! Eu estou muito apertado. Preciso ir ao banheiro!

- Ah, Michael! Não temos banheiro aqui... Vai lá pra cima e se alivia na água mesmo.

Michael foi. Um minuto depois ele volta e chama James outra vez.

- James, James!

- Hã?

- Estou com medo de ir sozinho.

- Medo de quê? Só tem a gente aqui.

- Sei lá, é escuro, e podem ter peixes lá... ou até tubarões.

- Ai, ai! Está bem Michael, vamos lá.

Estava mesmo bem escuro, e barulhos de aves, peixes, do vento e do mar tornavam o ambiente um pouco assustador. Os dois irmãos subiram os poucos degraus e chegaram na parte de cima do barco. James acendeu uma luminária.

Enquanto Michael se aliviava, James olhou para o mar e viu algo vermelho piscando em baixo d'água.

- Deve ser a luz do barco - Pensou James.

Olhando para o outro lado, reparou num pequeno baú que havia em um canto do barco. Ele nunca tinha percebido que havia um baú ali antes. Chegou mais perto e tentou abrir, mas estava trancado. Pegou então uma ferramenta que encontrou por ali e tentou de novo, curioso para ver o que tinha ali dentro. Enquanto tentava abrir, James se assustou com a voz amigável de Matheus ao fundo:

- Algum problema, amigo?

- Ah! Não, Matheus. É que eu só estava observando este baú, é interessante. - Disse James, com voz um pouco assustada.

Assim que ele disse isso, Matheus pegou a chave no seu bolso da camisa e abriu o baú. Haviam realmente vários objetos antigos e interessantes, além de fotos de sua família.

- Legal. Mas... o que aconteceu com eles?

- Meus pais foram mortos por Takabirakas.

- "Ataca" o quê?

- Takabirakas, perigosos ratos assassinos que só pensam em si mesmos. Aqueles desgraçados, canibais... Argh! Quando eu os encontrar, vou matá-los! Me vingarei pelos meus pais!

Todos ficam em silêncio, até que Michael interrompe:

- James, já podemos voltar à dormir.

- O ratinho tem razão, vamos dormir. Temos uma longa viagem amanhã. Finalmente encontraremos a Ilha de Brakemod! - Disse Matheus.

- OK, vamos. - Concordou James.

Matheus foi por último, pois estava fechando o baú e guardando sua chave novamente no bolso da camisa. E os três voltaram a dormir.


NO DIA SEGUINTE...

Todos já estavam acordados faz tempo, exceto James, que tinha acabado de acordar. Já era 11 horas da manhã. Matheus parecia bem animado.

- Finalmente! Estamos chegando na ilha!

James sorriu ainda com cara de sono e foi lavar o rosto. Depois todos eles foram almoçar.

Algumas horas depois, já era possível avistar a ilha de bem longe.

- Olha ela lá!!! Estamos chegando!!! - Gritou Matheus.

- Isso! Conseguimos, conseguimos!!! - James completou.

Todos ficaram alegres, gritando e se abraçando.

Mas comemoraram cedo demais. Michael olhou rapidamente para a água e percebeu algo estranho. Então parou e olhou atentamente. De repente, Michael desmaia. James percebe, e diz:

- Michael, você está bem? Michael??

Dizendo isso, James se aproxima dele e vê uma pequena flecha com ponta de agulha no seu pescoço. James dá um grito bem alto e apavorante. Quando ele olha para trás, percebe que Matheus também está caído no chão com a mesma agulha no pescoço.

James pega Laura (que estava dormindo) nos braços, a coloca na parte de baixo do navio e fecha a porta. Então, percebe que o barco está descontrolado, pois Matheus, que controlava o navio, estava desmaiado. Então tentou controlar o barco. Mas como não sabia, o barco bateu em uma rocha e quebrou. Não havia começado a afundar, mas mesmo assim, James entrou em pânico.

Então percebeu que estava bem próximo à praia. Foi aí que surgiram pequenos buracos no barco, e a água começou a entrar. James lembrou de Laura que estava em baixo. Tentou abrir a porta desesperadamente mas não conseguiu. O que ele poderia fazer?

A água já estava na cintura de James. Mesmo assim, ele não desistiu Mergulhou ali no barco e procurou uma ferramenta. Achou uma barra de ferro, a mesma que ele tentava abrir o baú na noite passada. Voltou até a porta e tentou abrir a porta com a barra de ferro. Nessa hora a água já estava no peito de James, e foi quando ele conseguiu abrir finalmente.

Laura gritava de desespero, mas não havia água lá em baixo, pelo menos não até James abrir a porta. Ele correu imediatamente até Laura, a pegou e foi nadando com uma mão. Assim que subiu, a água já tinha tomado conta da parte debaixo do barco.

Os corpos de Matheus e Michael haviam desaparecido. James ficou desesperado e chorou um pouco, mas não havia muito tempo para lamentar naquele momento. Ele tinha que agir rapidamente, pois o barco se afundava cada vez mais.

Foi quando se lembrou do bote-salva-vidas que Matheus tinha colocado no barco. O problema é que o bote estava na parte debaixo do barco, que já estava submersa. Ele não podia mergulhar com Laura. O que James faria então?

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CAPÍTULO 4
Como não havia outra escolha, James deixou Laura no lugar mais alto do barco (no mastro) e a amarrou lá. Ele pulou então novamente no barco e foi mergulhando até a parte debaixo do mesmo. Com uma pequena lanterna, procurou o bote. Quando o encontrou, correu para lá, o desamarrou e foi trazendo rapidamente até a superfície. O bote-salva-vidas ficou boiando na água enquanto James subiu no mastro, desamarrou Laura e pulou no bote com ela.

Então o barco afundou totalmente, e já não era possível nem ver a vela e o mastro. James chorou por um tempo ao lembrar de seu irmão. Depois, se lembrou de que tinha que continuar. Pegou o remo e foi remando até a praia. 

Chegando na areia, desceu do bote e o amarrou em uma árvore. Segurando Laura nos braços, James foi andar cuidadosamente pela ilha procurando por comida e água doce. Haviam só folhas e frutos que não se podia confiar. Até que encontrou um coqueiro.

- Ufa! Finalmente uma fruta conhecida! Estou morrendo de fome! - Disse James.

Tentou subir na árvore mas não conseguiu. Estava quase desistindo, quando teve uma ideia. Ficou batendo no coqueiro com a mão e pedras, mas mesmo assim a fruta não caiu. Então viu uma bananeira de longe e foi correndo até lá segurando Laura. Por sorte, ela não era tão alta, e bastou arrastar uma pedra grande para conseguir alcançar a banana. Comeu e deu para Laura um pouco, até estarem satisfeitos. As frutas que sobraram, James guardou.

Depois disso ficaram procurando água e acharam uma pequena cachoeira. James tomou então a água e deu um pouco para sua irmã.

O Sol já estava se pondo, e James decidiu procurar pedaços de madeira e pedras para fazer uma fogueira. Voltou para a praia e se deparou com pedaços de madeira do barco que a maré trouxe até a areia. Foi até lá e pegou alguns pedaços. Depois pegou algumas pedras ali por perto, na ilha. Então esfregou uma pedra na outra várias vezes até conseguir fogo.

James não tinha nada absolutamente nada além de Laura, o bote, uma corda, madeira, pedras, a roupa do corpo e uma lanterna, que tinha pegado no navio para procurar no bote. Ah, e é claro, a chave da Porta das Sombras, que ainda estava no seu bolso.

Anoiteceu e os dois sentaram em volta da fogueira para descansar. Laura estava com frio e medo. Abraçou James com cara de pavor.

- Calma, Laurinha. Estou aqui. Nada vai acontecer com você.

Sentindo-se mais confortável com essas palavras, a caçulinha deitou ao lado do irmão e fechou os olhinhos. Ela estava toda encolhida. Realmente estava muito frio naquela noite. James, percebendo isso, tirou a camiseta e cobriu Laura com ela.

- Aonde eu fui me meter?! Nunca vou encontrar a Porta das Sombras. E o meu irmãozinho morreu por minha culpa! Eu não acredito! - Pensou James.

Dizendo isso, James começou a chorar até pegar no sono.

NO DIA SEGUINTE...

Quando Laura abre os olhos, percebe que está numa ilha - um lugar estranho - e começa a chorar. James aparece e a tranquiliza:

- Calma Laura, calma! Estou aqui.

- Águi, águi!!! - Berrou Laura.

- Calma, já vamos procurar água doce. Também estou com sede.

James põe a sua camiseta, pega Laura e caminha pela mata da ilha. Se corta em espinhos grandes e pequenos. Enrosca a roupa em galhos que provocam grandes rasgões. Até que encontra uma pequena cachoeira.

- Águi, águi! - Grita Laura toda alegre.

- Sim maninha, encontramos água!

James junta as mãos e pega água para Laura várias vezes, até ela ficar satisfeita. Depois faz o mesmo para si. De repente eles escutam um barulho no mato. James fica assustado, segura Laura bem firme e diz:

- Acho melhor sairmos daqui!

Ía voltando para a praia quando recebeu uma paulada nas pernas, caiu, bateu a cabeça numa pedra e desmaiou. Laura não se machucou, pois caiu em cima de James.

Quando acordou, ele estava amarrado fortemente em um tronco.

- Ai! Isso aqui tá apertado! - Gritou James.

Ele tentou se soltar, mas não conseguiu. Daí, uma voz grossa surge:

- Invasores não são bem-vindos aqui!

- Quem é vo...

- Quieto! Não me interrompa! Você não deveria ter vindo aqui. Agora receberá o que merece!

Não era possível ver onde estava o rato que dizia essas coisas. James ficou apavorado. O que aconteceria com ele?

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CAPÍTULO 5 

O rato que estava escondido se aproximava, e James estava com medo. Até que, de repente, uma voz feminina apareceu:

- Lucas, pare já com isso!

- Mas...

- Mas nada! Já disse para não fazer essas brincadeiras sem graça com os visitantes! Solta ele agora e desliga esse aparelho!

- Tá bom, mãe!

Quando terminam de dizer isso, um ratinho pequeno sai de uma mata segurado um microfone ligado à um aparelho de mudar a voz. Atrás dele vem um rata com mais ou menos uns 38 anos. O ratinho desamarra James suspirando e depois sobe numa árvore e entra numa toca.

- Desculpe a ingenuidade do meu filho. Ele vive fazendo essas brincadeiras muito sem graça com os visitantes que vem para essa ilha. Mas ele não faz nada, é só para assustar mesmo.

- Ah... mas a paulada que ele me deu doeu! - Respondeu James.

- Oh, me desculpe! Ele ficará bastante tempo de castigo pensando nisso!

- Tudo bem, é só uma criança.

- Ah, e desculpe a minha ignorância. Prazer, meu nome é Bianca.

- Prazer, sou o James. Onde está Laura, minha irmãzinha?

- Ah, a ratinha. Ela está bem, Lucas a levou para dentro. Venha, vamos entrar na minha toca, vou fazer comida e pegar gelo para o seu machucado.

- Obrigado. Ele é seu filho? - Enquanto falava, James acompanhava Bianca até a sua toca, que ficava logo a frente.

- Sim, tenho dois filhos. Ele, que se chama Lucas e outra filha mais velha que se chama Katarina. Eles estão lá dentro. Entre.

Obedecendo, James entrou na toca. Era grande, com dois andares, e tudo bem arrumado e limpo.

- Sente-se. Vou pegar um pouco de gelo.

James sentou-se no sofá ao lado da irmã.

- Que bom que você está bem, Laura.

- Vamos almoçar, já está tarde. O que acha de comer conosco? - Pergunta Bianca.

- Claro! Obrigado.

Bianca tira o cheiroso queijo do forno e põe na mesa. Enquanto isso, James pega Laura e se senta na cadeira. 

Bianca chama os seus filhos para comer. Primeiro vem Lucas descendo da escada todo emburrado. Ele passa olhando para James com uma cara de quem diz: "Por sua culpa, vou ficar de castigo!" 

Então em seguida vem Katarina, uma ratinha bonita de longos cabelos e olhos verdes. É aí que James se apaixona pela primeira vez. Ele fica olhando para Katarina com olhar de bobo enquanto ela passa, até que a ratinha senta e diz:

- Olá. Prazer, meu nome é Katarina.

- O...lá. O meu nome é Jimy... Não, James, o meu nome é James. Hehe...

James percebe que está fazendo papel de bobo e tenta mostrar que é mais maduro.

- E então, James... o que te trouxe à esta ilha? - Perguntou Bianca.

- Bom, eu vim em busca de algo que é muito importante para mim. Mas nunca deveria ter vindo. Perdi meu irmão num acidente no barco quando estávamos chegando na ilha.

- Nossa, que pena! - Disse Bianca - Ah, e mudando um pouco de assunto... Lucas, saiba que você ficará de castigo pensando no que fez, ouviu rapazinho? Já disse para não fazer essas brincadeiras com os visitantes. Você não é o dono desta ilha.

- Mas eu só estava...

- Nada de "mas", eu já disse!

Lucas largou a comida e foi para o quarto reclamando e suspirando, batendo a porta com força ao entrar.

- Mas então, qual é a coisa importante que você veio procurar nessa ilha? - Perguntou Bianca novamente.

- Ah, é que eu tenho um objeto que pode abrir a Port...

Nem terminara de falar quando escutaram um barulho no quarto de Lucas. Então ouviram um rápido grito do ratinho.

- O que foi isso? - Perguntou Katarina.

- Não sei, mas vamos lá ver! - Respondeu Bianca.

Os três subiram as escadas e chegaram no quarto de Lucas. Bateram na porta e Bianca perguntou se estava tudo bem. Nada de Lucas responder. Tentaram abrir a porta mas não conseguiram.

- Vamos arrombar! - Disse Katarina.

- Boa ideia, eu vou tentar abrir. Dêem licença ratinhas. - Disse James, com a intenção de impressionar Katarina.

As duas se afastaram. O jovem rato andou um pouco para trás, pegando impulso e correu em direção à porta, batendo nela com o ombro. Nada da porta se abrir, mas James ficou com o ombro dolorido.

- É que eu não tive tempo de malhar hoje, hehe... - Disse James, dando uma desculpa esfarrapada.

Katarina teve então outra ideia:

- Que tal se nós três batêssemos ao mesmo tempo na porta? Assim, se batermos exatamente na mesma hora na porta, ela abrirá.

- Tem razão, filha.

- Não posso deixar vocês fazerem isso. Vocês podem se machucar e eu sou o rato macho aqui, eu que devo...

Enquanto James falava, as duas ratas pegaram impulso e bateram na porta, que se abriu.

James, envergonhado, não disse mais nenhuma palavra.

- Obrigado pela preocupação, cavaleiro. - Disse Katarina, com um tom de sarcasmo.

- Lucas, cadê você? Para com essa brincadeira sem graça e venha até aqui! - Exclamou Bianca, já preocupada, enquanto procurava Lucas pelo quarto.

Depois de procurar em todos os lugares possíveis no quarto, eles percebem a janela aberta e descobrem o que possivelmente aconteceu. Bianca se desespera:

- Meu Deus!! Sequestraram o meu filho!!!

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CAPÍTULO 6
Bianca não acreditava no que havia acontecido. Depois do sequestro de Lucas, naquela mesma tarde, James ficou pensando em tudo que tinha acontecido, tentando descobrir quem sequestrou o ratinho. Primeiro, Matheus e Michael desapareceram misteriosamente, e depois o mesmo acontece com Lucas. Quem estaria sequestrando esses ratos? E por qual motivo? Foi quando ele se lembrou de um personagem que ainda não tinha aparecido: seu irmão mais velho, Douglas!

- É claro! Só podia ter sido ele! - Pensou James.

Douglas estava sempre por perto, e devia ter descobrido que James foi procurar a Porta das Sombras de alguma forma. Então o perseguiu e sequestrou seus amigos e irmãos, para que James fosse atrás dele e ele pudesse roubar a chave da Porta e abri-la. Agora estava tudo esclarecido, mas ainda tinha um problema: Encontrar Douglas. James sabia que o irmão mais velho tinha devia ter deixado pistas, já que supostamente queria que ele o encontrasse para roubar a chave. Então James decidiu ir encontrar pistas.

James desceu até a cozinha, pegou Laura no colo e a colocou para dormir. Depois foi até o quarto de Lucas novamente, onde Bianca chorava e lamentava pelo filho sequestrado.

- Eu acho que já sei quem está por trás desse sequestro. - Disse James.

- Quem? - Perguntou Katarina.

- O meu irmão Douglas. Ele é muito mal, e... - James contou toda a história para Bianca e Katarina.

- Porta das Sombras? Desculpe, mas nós não vamos até lá com você. - Disse Bianca, assustada.

- Está bem, então podemos só encontrar o meu irmão e o seu filho. Daí, depois disso, vocês podem voltar para cá, e eu resolvo o resto com o meu irmão. - Propôs James.

Sem outra escolha, Katarina e Bianca decidem aceitar a proposta de James, já que o seu pensamento parecia lógico também, de acordo com a história que ele contou para elas.

- Está bem. Mas quando encontrarmos o seu irmão voltaremos! - Disse Bianca.

- Sim, esse é o trato. Então está feito! - Disse James apertando a mão delas. - Espera, mas tem um problema.

- Qual? - Perguntou Katarina - Já temos tantos!

- Eu não posso mais colocar em risco a vida de Laura! Ela só tem 2 anos e tenho muito medo de que aconteça algo com ela. O meu irmão é maluco! Ele não tem medo de machucá-la!

- Tudo bem, eu fico com ela. Sei muito bem como é, afinal tenho dois filhos. Vocês dois vão procurar o Diego e depois a Katarina volta para casa com Lucas.

- Por mim tudo bem. Ah, e não é Diego, é Douglas. - Corrigiu James.

- Está certo, farei isso por aquele ratinho chato.

NO DIA SEGUINTE...

Era bem cedo quando James e Katarina se aprontavam para a busca. Para não passar sede, eles levam um pouco de água na mochila. Antes de sair, James dá um beijo na testa de Laura e esconde a chave na sua calça. Os dois se despedem de Bianca e somem na mata. 

Durante a procura, James puxa assunto com Katarina.

- E então... você mora a bastante tempo aqui?

- Sim, desde que era criança nos mudamos para cá.

- Ah...

Eram possível ouvir criciladas e ruídos de animais de vez em quando. Depois de um tempo caminhando, James encontra finalmente uma pista: o relógio de pulso que Michael usava.

- Estamos perto! Talvez Michael esteja vivo!!

James procura o irmão ou outra pista, mas não encontra nada. Depois de muito tempo procurando, James diz desanimado:

- Acho que eles não estão aqui por perto. Douglas deve ter os levado para um lugar mais longe. E se ele tiver saído da ilha?

- Calma, pensamento positivo. Nós vamos encontrá-los.

James dá um suspiro, concorda com Katarina e volta a caminhar. De repente, James cai em uma armadilha camuflada e fica pendurado de cabeça para baixo numa corda, que está presa em uma árvore bem alta.

- Ai meu Deus! Calma James, vou dar um jeito de te tirar daí! - Exclamou Katarina.

O jovem pendurado desmaia aos poucos, com o impacto, e Katarina se desespera. Tenta subir na árvore para roer a corda mas não consegue. Então ela se afasta um pouco e vai procurar ajuda. De repente, um grande rato vem na direção dela e tudo fica escuro.

James acorda um pouco tonto. Ainda pendurado na árvore, começa a se lembrar do que aconteceu. Sua cabeça dói. Ele tenta se soltar, e quando consegue, grita várias vezes pedindo ajuda. Então, James "se lembra" de que é um rato e começa a roer a corda, que se rompe. A queda provoca alguns machucados. James se levanta com dificuldades, olha ao redor e chama Katarina:

- Katarina!! Katarina!!!

Sem resposta, ele decide procurá-la. Se machuca em espinhos, e depois de um longo tempo, quando escurece, ele avista a mesma praia que estava quando chegou na ilha. Quando chega lá, James senta do lado das pedras e restos de madeira que tinha usado para fazer uma fogueira, e começa a se lembrar de seu irmão olhando para o mar. Chora por um tempo, sentado na areia da praia.

Até que percebe algo estranho na água, pero de uma grande rocha. James se levanta e chega mais perto, e percebe que é uma luz vermelha piscando no fundo da água. Então resolve mergulhar, curioso para saber o que é. E aos poucos, sem perceber e debaixo d'água, ele vai entrando em baixo da rocha, atrás da misteriosa luz. Quando a avista, ele nada rapidamente pelo escuro até chegar lá. Era um objeto parecido com um grande chip com uma luz vermelha forte piscando.

James pega o chip e se lembra de que precisa respirar. Tenta levantar e bate numa pedra. Ele percebe então que para sair da água deveria voltar para onde veio, pois estava em baixo de uma grande pedra, dento d'água. James entra em desespero e não sabe o que fazer, acreditando que não daria tempo de voltar para onde veio. Sem outra escolha, ele empurra as outras pedras que fecham a passagem, a fim de que alguma delas saia do lugar para que ele possa passar. Sem resultado, o jovem rato vai perdendo as forças e afundando.

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CAPÍTULO 7
Depois de afundar alguns metros, James percebe uma passagem  e passa por ali, com as poucas forças que ainda lhe restam. Até que chega a superfície, do outro lado da passagem. Ele descansa um pouco em uma pedra, até recuperar o fôlego e as forças. Então se levanta lentamente, e olha ao redor. 

James estava em um lugar pouco iluminado e sombrio. Era possível escutar gotas de água caindo em pedras. O jovem rato encontra uma outra passagem, e decide ir por ali. É um grande corredor escuro, cercado por rochas, alguns insetos e um pouco de água. Ele mexeu no bolso da sua bermuda rasgada e tirou a sua lanterna, com esperança de que ela ainda funcionasse, apesar de ter molhado ela no mergulho. Mas por um milagre, a lanterna ainda funcionava! A lâmpada dela apagava algumas vezes, mas já acendia rapidamente.

Ao passar por aquele grande corredor escuro cercado por pedras, James chega num lugar, que também há rochas em volta. Mais para frente, ele encontra um grande buraco na "parede" de rochas. E logo ali na frente está ela, a tão procurada Porta das Sombras! James fica impressionado e vai na direção da Porta. Mas, de repente, ele leva uma pancada na cabeça e desmaia.

Enquanto isso, em algum lugar da ilha Brakemod, Katarina acorda com dores no corpo. Percebeu então que estava amarrada à uma árvore.

- Socorro! Socorro! Me tire daqui!! Lucas, você está aqui??

Enquanto Katarina falava, uma voz a interrompe:

- Sim, Lucas está aqui!

Tudo estava muito escuro, e não era possível enxergar o rato que dizia isso. Só uma luz iluminava Katarina, por causa de um buraco que tinha no teto daquela sala. De repente, uma cadeira com rodinhas é empurrada na direção de Katarina, que leva um susto ao perceber que Lucas está amarrado na cadeira e desmaiado.

- Meu Deus! Lucas!!

- Eu acho que ele não vai poder te responder... Há, há, há, há, há! - Disse o rato desconhecido, dando gargalhadas maléficas.

- Não!! - Exclamou Katarina - O que você fez com o meu irmão?

- Você descobrirá em breve. Mas antes, quero respostas.

- Respostas de quê??

- Você sabe do quê. Da chave, ora bolas!!

- Não sei do que você está falando! Socorro!!!

- Katarina, Katarina... eu conheço muito bem você, então não me faça de tolo! Me diz logo aonde está a chave da Porta!!

- Eu já disse que não sei de nada!

- Tudo bem, eu não queria fazer isso, mas você não me deixa outra escolha.

Dizendo isso, o rato misterioso pressionou algum tipo de botão ou alavanca, que fez com que perigosas serras presas à cabos de aço descessem lentamente.

- O que vai fazer? Me matar com serras?

- Não, isso seria muito sem graça! Estas serras irão cortar a árvore que você está presa, fazendo com que você caia no tanque que está logo atrás de você. Esse grande tanque está cheio de tubarões famintos, que te matará bem rápido. E então, não é incrível?

- Não!

- Bom, como sou um bom rato, vou te dar uma última chance: Cadê a chave?

- Eu... não... sei!!!

- Então está bem. Foi bom te ver novamente, Katarina. E até nunca mais! - Ao dizer isso, o rato misterioso saiu da sala onde estavam, e fechou a porta.

Katarina, desesperada, teve a ideia de morder as cordas que a prendiam na árvore. Mas a sua boca não chegava até as cordas. A serra chegava mais perto. Então começou a gritar desesperadamente. Lucas acordou com os berros e percebeu que estava preso.

- Lucas! Graças à Deus, você está bem! - Disse Katarina aliviada, pois pensava que ele estava morto.

- O que aconteceu? Onde estamos? - Perguntou Lucas.

- Não há tempo para perguntas agora. Só precisamos sair daqui!

Lucas percebeu então o perigo quando viu a serra perto da árvore, e o tanque de tubarões atrás de Katarina.

- Ai meu Deus! Você vai morrer!!! - Gritou ele.

- Não se sairmos daqui antes.

- Mas como faremos isso?

- Eu tenho um plano. Corte a sua corda com os dentes e depois me desamarre. Eu não consigo morder a minha corda, mas para você está mais fácil de roer a sua.

- OK, vou tentar.

Lucas mordeu rapidamente as cordas que o prendia à cadeira, e conseguiu se soltar. Então foi até Katarina e tentou desamarrá-lo.

- Seja mais rápido, Lucas! Não temos muito tempo!!

- Calma, calma, estou mordendo a sua corda!

Quando Lucas estava quase terminando, a serra cortou o tronco, que caiu rapidamente na água. O tronco afundava, mas a parte onde Katarina estava ainda não tinha molhado. Ela tentou fugir, mas a sua mão, presa ao tronco, a puxava para o tanque. Até que se lembrou de que podia roer a corda, porque agora estava só com a mão presa. Então fez isso e conseguiu se soltar na hora certa. O tronco afundou na água repleta de tubarões.

- Ufa! Essa foi por pouco! - Disse a rata.

Katarina abraçou Lucas, emocionada de ter encontrado o irmão. Depois explicou toda a história para ele.

- Mas agora precisamos sair deste lugar imediatamente!

Foram até a única porta que havia, a mesma que o rato misterioso saiu há um tempo. Estava trancada. Como sairiam dali?
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CAPÍTULO 8
Katarina pegou um grampo em seu cabelo e tentou abrir a porta com ele. E conseguiu abri-la. Ela e Lucas saíram dali correndo, sem nem mesmo saber aonde estavam.

James acordou ouvindo um barulho de pingos caindo e batendo em lugares sólidos. Abriu os olhos, e viu algo bem grande e alto. Não era possível enxergar nitidamente, pois a sua visão ainda estava embaçada. Quando a sua visão volta ao normal de uma vez, ele enxerga o grande objeto. É a tão magnífica Porta das Sombras. Diante disso, James passa a mão sobre os desenhos e detalhes da porta. Até que a sua alegria acaba quando ouve palmas ao fundo e uma voz conhecida que diz:

- Bravo! Meus parabéns! É tudo o que o nosso pai queria.

- Douglas! Eu sabia que era você! - Disse James, se virando para ele.

- Estou tão emocionado! Passou por tudo isso para deixar o pai feliz! Ou será que veio só para desfrutar do que há por trás da porta?

- Você não muda mesmo, ? É bem a sua cara me sequestrar só para pegar a chave da Porta das Sombras!

- Há há há há há! Percebo que você descobriu o meu plano mais uma vez! Parabéns... só que parece que você não é tão esperto, já que pensou que eu não te encontraria.

- Agora que você já tem o que quer, solte o meu irmão!

- Não, não, não, não, não - Repetiu Douglas rapidamente - Eu ainda não tenho o que quero não. Acorda, preciso que você abra a porta "inteligente"!

- Nem morto eu faço isso!! Acha que eu não sei qual é seus planos, de ficar com tudo para você, seja lá o que for?

- É, você acertou de novo. Mas não estou mais brincando. Ou você abre esta porta ou você morre!

- Não! Pode me matar se for assim!

- Como quiser. - Ao dizer isso, Douglas pega a sua arma e aponta para James.

Ele quase puxa o gatilho, mas decide não fazer isso e diz:

- Hum, tenho uma ideia melhor.

Douglas pegou um rádio e falou com outros ratos:

- Traga a menina. Sim, a caçula. Se ele não quer falar por bem, vai falar por mal!

James se assustou e ficou pensando quem seria. Então descobriu que era Laura e se desesperou:

- Não!!! Você não pode machucar a nossa irmã!!!

- Ah, posso sim!

- Não!! Por favor Douglas, não faça isso!

- Vamos ver se desse jeito você abre ou não esta porta.

Katarina e Lucas conseguiram sair do lugar onde estavam presos. Era uma espécie de esconderijo. Para sua surpresa, Katarina encontrou duas armas num canto do lugar. Pegou-as rapidamente para se defender, mesmo sem saber usá-las. Lucas quis ficar com uma, mas sua irmã não permitiu, porque era muito perigoso.

Eles foram correndo pela ilha até o lugar onde Katarina foi sequestrada, pensando na possibilidade de James ainda estar amarrado na corda. Viu a corda cortada, com marcas de dentes, e percebeu que James conseguira se soltar. Ficou aliviada, mas mesmo assim, ainda estava preocupada com ele. Saiu procurando por outros lugares da ilha, inclusive pela praia onde James achou a passagem debaixo d'água. Katarina só viu a fogueira e o bote-salva-vidas de James preso à uma árvore.

- Eu sinto que ele não está muito longe. - Disse Katarina.

- Mas temos que voltar para casa, já está anoitecendo, e é perigoso ficar aqui à noite. - Disse Lucas.

- Tem razão, vamos voltar. Amanhã procuramos de novo.

- Pode ser até que ele esteja lá em casa mesmo.

- É o que eu espero...

Quando chegaram em casa, os dois irmãos ficaram muito assustados, ao perceber que Bianca e Laura não estavam lá. Procuraram pela toca inteira e pelos arredores. Então voltaram para a toca e Lucas reparou num bilhete em cima da mesa. Katarina o leu em voz alta:

- O bilhete diz: "Fui buscar comida e resolvi levar Laura. Volto amanhã de manhã, porque ficarei na casa de uma amiga. Não se preocupe conosco."

- Ah, que bom que ela está bem. Eu já estava preocupado. - Disse Lucas.

- Bom, nada. A mãe nunca escreveria um bilhete assim. E também ela não tem amigas que moram longe daqui, e essa não é a letra dela!

- Então isso significa...

- Significa que ela e a nossa mãe e Laura foram sequestradas!!! Precisamos saber quem as sequestraram e para onde foram imediatamente!

- Vai ver que foi o mesmo que nos sequestrou.

- É, pode ser mesmo! Isso me fez lembrar de alguma coisa: Aquele rato que nos sequestrou e tentou nos matar me disse que foi bom me ver de novo. Então quer dizer que ele me conhecia. Eu sabia que conhecia a voz dele de algum lugar, mas não consigo me lembrar de quem ele seja. Temos que voltar ao esconderijo onde ficamos presos, Lucas.

- O quê??? Quase te mataram lá!

- Eu sei, mas agora seremos mais cuidadosos, e eu tenho armas como proteção. Além disso, nossa mãe pode estar presa lá. Temos que salvá-la!

- Está bem, pela nossa mãe!

Os dois irmãos comeram, beberam água e foram ao banheiro rapidamente. Então se prepararam e foram à procura do esconderijo de onde saíram.
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CAPÍTULO 9
A lua brilhava radiante no céu, iluminando a ilha. Apesar disso, estava bem escuro, com um pouco de neblina. Katarina e Lucas se aproximaram do esconderijo de onde saíram. A Porta ainda estava aberta, de modo que eles entraram por ali. 

O lugar tinha um corredor imenso e algumas salas. Passaram pela primeira porta, e não tinha ninguém dentro da sala. Então, mais à frente, no corredor, encontraram um papel todo amassado no chão. Katarina abaixou e o pegou. No papel tinha uma mensagem difícil de ler, com letras tremidas e borradas. Com um esforço, Katarina conseguiu ler um pouco.

"Jack me... Por favor, tenha..."

Quem poderá ser? - Perguntou Lucas.

- Essa não... eu acho que é uma mensagem da mãe para nós.

- Mas quem é Jack?

- Não sei... eu só conheço um Jack, mas não pode ser ele... deve ser só uma coincidência. Ele está morto, não pode ser ele!

De repente, a porta por onde entraram é fechada rapidamente. Katarina percebe que a sua invasão foi descoberta. Tenta se esconder, mas já é tarde demais. Do nada, surge uma voz de um rato no meio do escuro, no fim do corredor. É a mesma voz do rato que prendeu Lucas e Katarina, e tentou matá-la.

- Olha, mais que surpresa! Vocês voltaram para cá! - Disse o rato desconhecido.

- Cadê a minha mãe?!

- Que coisa linda, veio salvar a mamãe! Só que você não é tão inteligente assim, não é, Katarina? - Dizendo isso lentamente, o rato misterioso sai do escuro, se revelando para Katarina e Lucas.

- Jack!!! Eu sabia que era você! - Exclamou Katarina.

- Pode ser, mas eu tenho certeza que você não sabia do meu plano. Aliás, gostou do meu bilhete?

- Plano? - Perguntou Lucas.

- Ah, sim! Pensei que já soubessem. Bom, a verdade é que eu, o rato mais esperto do mundo, enganei todos vocês. Eu sabia que vocês voltariam correndo depois que lessem o meu falso bilhete. Daí era só seguir com o plano, acabar com todos vocês, abrir a Porta das Sombras e ficar com o tesouro só pra mim!

- Eu não vou deixar você fazer isso. - Disse Katarina corajosamente.

- E como você pretende me impedir? - Perguntou Jack, com tom sarcástico.

Katarina pegou a arma que tinha guardado e mirou nele.

- Prendam eles - Disse Jack despreocupado.

Vários ratos vieram em direção aos dois irmãos, para pegá-los. Katarina puxou o gatilho da arma, com a intenção de acertar os ratos, mas a arma não disparou. Então, Lucas e Katarina foram pegos e levados até uma sala, indo logo atrás de Jack.

James estava sentado numa pedra pensando em um plano. Ele estava bem em frente da Porta das Sombras, mas não podia abrir, pois se fizesse isso, o seu irmão mal, Douglas, iria pegar o tesouro para ele. James não podia permitir isso. E não era isso o que o pai deles queria. A herança merecia ser só de James.

- Vou buscar uma rata que fará você me obedecer. Fique quieto aí e não tente nada. Vou deixar um dos meus guardas vigiando você. - Disse Douglas, saindo dali e voltando para a ilha.

James olhava quietamente para o forte rato que o vigiava com uma arma na mão. James tinha um plano, mas estava com medo de  realizá-lo. E se algo desse errado? Haviam muitas chances disso acontecer. James decidiu arriscar. Afinal, não teria outra opção, já que Douglas mataria Laura se ele não abrisse a Porta. James se preparou, levantou da pedra e disse para o guarda que o vigiava:

- Preciso usar o banheiro. Estou apertado!

- Tá, faça num canto aí. - Disse o guarda sem demonstrar qualquer emoção.

James foi para um canto, disfarçou um pouco, e novamente olhou para o guarda e disse:

- Não consigo fazer com você olhando.

- Fala sério! Seja rápido! - Dizendo isso, o guarda se retirou do lugar e ficou esperando do outro lado.

O lugar era tudo fechado, e só havia um grande buraco na parede que fizeram para entrar. O guarda dava uma olhada às vezes, para garantir que James não estava tentando nada. James foi num canto, fingindo estar se aliviando. Quando o guarda olhou de novo, James tinha sumido.

- Garoto? Está aí? Argh, chega de gracinhas! - Disse o guarda, entrando novamente no lugar onde James estava.

De repente James cai de cima da caverna na cabeça do guarda, que caiu no chão. A arma foi parar longe, perto da Porta das Sombras. Como o guarda era mais forte, segurou James pelo pescoço, o enforcando. O jovem rato não conseguia respirar, e com muito esforço conseguiu pegar uma pedra e bater na cabeça do guarda com ela. Ele não desmaiou, mas ficou muito ferido, e até soltou James, que foi correndo em direção à arma. Então pegou-a e apontou para o guarda, que se levantava.

- Fica parado ou eu disparo! - Alertou James para o guarda.

Então o forte rato saiu correndo, e James atirou. Só que acertou nas pedras que cobriam a caverna. Então tudo começou a tremer e pedras caíram na passagem. Desse modo, James estava então preso naquele lugar, junto com a Porta das Sombras.

Ficou tudo escuro, e James tentou tirar as pedras da passagem, mas não conseguiu. Então pedras mais pesadas caíram ali. James ficou desesperado. Pegou a mesma lanterna que usou antes e iluminou a caverna. Depois de um tempo, parou um pouco e pensou:

- Mas, pensando bem... isso não é tão ruim! Afinal, a chave e a Porta das Sombras estão aqui! Agora é a hora perfeita para saber o que se esconde atrás desta porta!
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CAPÍTULO 10
Katarina foi novamente amarrada, junto com Lucas e sua mãe, Bianca, que também estava ali.

- Há há há há há! Finalmente eu vou ter em minhas mãos o magnífico tesouro mais valioso deste mundo! Daí, poderei ser o rei do Planeta Transformice todo, porque todos vão querer o que terei. Mandarei em todos os ratos do mundo, e quem não obedecer, será morto!

- Tinha que ser você mesmo! Você sempre foi louco! - Disse Katarina.

- Como quiser, mas agora eu tenho um trabalho à fazer. Preciso levar Laura até o meu aliado.

- Que surpresa! Você tem um aliado apesar de ser assim? Ele deve ser igual à você! - Disse Bianca.

- Sim, acertou. Juntos, Douglas e eu vamos dominar este planeta! Há há há há há! - Respondeu Jack.

- Douglas??!!! - Perguntaram Katarina e Bianca ao mesmo tempo.

- Sim, agora tapem as bocas deles! - Ordenou Jack à seus guardas.

Obedecendo, dois guardas pegaram uma corda grossa e colocaram na boca dos sequestradores, e depois saíram atrás de Jack.

Os três roeram a corda que tapavam suas bocas, e Bianca começou a falar:

- Vocês não deviam ter vindo. Vão nos matar.

- Tínhamos que vir, se não você morreria, mãe. - Disse Katarina.

- É, mãe. - Concordou Lucas.

Bianca sorriu por um tempo, mas logo a infelicidade era vista em seu rosto novamente, e ela disse:

- Eles escreveram a primeira carta de propósito, para vocês acreditarem e vir até aqui me salvar. Com isso ele poderia prender vocês também.

- É, ele nos disse isso. Nós vimos o bilhete amassado que você escreveu também, no chão do corredor, neste lugar. - Disse Katarina

- Sim, fui eu que escrevi mesmo. Mas foi ele que me mandou escrever. Também, para vocês terem certeza de que estou aqui e que preciso da ajuda de vocês. Ele os vigiava por uma câmera. - Dizendo isso, Bianca apontou para uma TV, que mostrava o corredor do esconderijo.

- Ah, então tudo isso explica porque a porta do esconderijo estava aberta. - Disse Lucas.

- É... eu sabia que a nossa fuga estava fácil demais. Ninguém nos seguiu. Ele não se preocupou tanto em nos matar naquele momento, só queria um tempo para ir até a nossa casa e sequestrar a mãe e Laura. - Disse Katarina.

- Mas, afinal, o que ele quer conosco? O que é a Porta das Sombras e porque ele quer nos matar? - Perguntou Lucas, cheio de dúvidas.

- Lucas, tá na hora de te explicar toda a história de Jack - Disse Bianca.

- Jack era nosso pai, Lucas. - Esclareceu Katarina.

Lucas ficou boquiaberto, sem acreditar no que tinha ouvido.

- Sim, é verdade. Antes da maldade, ele era um bom homem. Conheci ele desde a juventude, no colégio, e mais tarde começamos a namorar e nos casamos. Então tivemos dois filhos, você e Katarina, que veio primeiro. Quando sua irmã era criança, nos mudamos para cá porque Jack procurava desesperadamente um tesouro que é o sonho de qualquer rato. Quando ele descobriu que o tesouro estava escondido atrás da Porta das Sombras, ele enlouqueceu. Você já era bebê Lucas, quando Jack começou a me agredir. Eu não aguentei mais e pedi para nos separarmos. Então ele pediu desculpas e disse que não ia mais fazer essas coisas. Mas eu não o desculpei, estava muito magoada. Daí ele pegou suas coisas e foi embora. Nunca mais vi ele até agora. Desde então ele não se importa mais comigo.

- Ah... Mas o que tem atrás da Porta das Sombras?

Bianca ia responder, quando Jack a interrompeu, entrando na sala junto com Douglas dizendo:

- Eu não acredito nisso! Estávamos quase conseguindo e o nosso guarda dá um vacilo desses?!

- Pois é, eu tenho certeza que James ia abrir a Porta quando eu ameaçasse matar Laura - Disse Douglas.

- É, mas não temos muito tempo!! Esqueceu que a ilha estará submersa daqui algumas horas??!

- Tem razão, vamos preparar os barcos. Eu vou tirar aquelas pedras do caminho, pegar o tesouro e acabar com James de uma vez por todas.

- Está bem... mas o que vamos fazer com eles? - Disse Jack, se referindo à Katarina, Bianca e Lucas.

- Vamos deixá-los presos aí mesmo. Eles morrerão afogados quando a ilha estiver de baixo d'água.

- Boa ideia, Douglas. Agora vamos, temos um trabalho à fazer!

Os dois ratos saíram e trancaram as portas do esconderijo. Ainda lá dentro, Katarina diz:

- James!! Vão matá-lo! Não podemos deixar que isso aconteça!

- Mas como faremos isso, filha? - Perguntou Bianca, desanimada.

- É... caso não tenha percebido, estamos presos de um modo que não podemos escapar, as portas estão todas trancadas e a ilha está prestes a ficar submersa!!! Tem algum modo de escaparmos?? - Desabafou Lucas.

Katarina pensou e pensou. Percebeu então que Lucas estava certo, e disse:

- Você tem razão. Vamos morrer aqui, assim. E vão matar James também. E tudo isso por culpa do nosso pai e aquele Douglas! Está tudo acabado, é o fim!
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CAPÍTULO 11
A Porta das Sombras era bem grande. Nela, haviam desenhos de vento, água, fogo e montanhas. James se aproximou da Porta e colocou a lanterna na boca. Então pegou a chave que escondeu dentro da sua bermuda e procurou um lugar para encaixá-la na Porta. Não foi difícil. Bem no centro havia um buraco com o formato da chave. Não era uma chave comum. Tinha um formato diferente, e era como uma peça que se encaixava exatamente no lugar. James a colocou lá e se afastou. 

A Porta começou a se mover, fazendo um barulho de pedras se movendo. A terra tremeu um pouco. A Porta se moveu para trás e depois para os lados, liberando a passagem.

Havia um pequeno corredor. Ao final dele, tinha um baú dourado e brilhante. James ficou muito feliz! Agora era só pegar o tesouro, escondê-lo de Douglas e dar um  jeito de sair dali sem deixar suspeitas.

Atrás da pedra que tapava a passagem era possível escutar a voz de Douglas. James tinha de agir rápido, antes que seu irmão tirasse a pedra do caminho e pegasse o tesouro primeiro. Ele ia pisar no corredor da Porta quando escutou uma voz conhecida e recuou.

- Hã? Eu conheço essa voz! - Lembrou James.

De repente, Douglas e seus guardas conseguem abrir a passagem usando algumas máquinas e ferramentas poderosas.

- Já chega, James! - Diz o irmão mais velho - Ou você sai do caminho ou eu mato o seu amigo Matheus!

- Matheus? Você ainda está vivo? Então quer dizer que Michael também pode estar!

Douglas segura o pescoço de Matheus com força.

- Ele pegou seus amigos e os amarrou no... - Dizia Matheus.

- Fique quieto - interrompeu Douglas - Não precisa ficar dando satisfações... Mas até que é bom que você saiba James. Porque se você não for salvá-los agora, quem irá? Eles morrerão, pois a ilha ficará submersa daqui algumas horas!

James não acreditava no que tinha ouvido. Chegou tão perto do tesouro e não conseguirá pegá-lo? Mas ele não poderia trocar a vida de seus amigos por um tesouro, por mais valioso que ele seja. James não faria isso com ninguém!

Desistindo de pegar o tesouro, James então se afasta do corredor, liberando a passagem. Alguns dos guardas de Douglas correm para lá, se preparando para irem atrás do tesouro.

- Muito bem, James! Obrigado por facilitar para nós! - Disse Douglas, soltando Matheus e indo em direção à Porta das Sombras, que já estava aberta.

- Venha, Matheus! Não temos muito tempo! - Disse James.

- Está bem, estou indo.

Ao dizer isso, os dois ratos voltam para a ilha, mergulhando por baixo das pedras, pelo mesmo caminho que vieram antes.

Matheus leva James até o esconderijo onde seus amigos estavam presos.

- Vou esperar aqui fora. Tenho trauma deste lugar! Eles estão no terceiro quarto à esquerda, no final do corredor. - Explicou Matheus.

- Está bem. Mas não saia daqui!

James corre para dentro do esconderijo e percebe que a porta do quarto está trancada.

- Olá! Tem alguém aí? Pessoal??

Katarina, Lucas e Bianca reconhecem a voz de James e começam a gritar:

- Sim, somos nós!!! Estamos presos aqui!!! Nos ajude!!! Mas seja rápido!

- OK, vou soltar vocês, só tenho que pensar num jeito para abrir essa porta!

James olhou para os lados, procurando algo para abrir a porta. Então encontrou uma barra de ferro em uma outra sala do mesmo corredor. Tenta abrir a porta com ela, assim como fez no barco há um tempo atrás para salvar Laura. Depois de muito esforço, ele consegue abrir.

- Graças à Deus!! - Exclama Bianca.

- Temos só 5 horas aproximadamente para sair daqui, antes que a ilha fique em baixo d'água! - Lembrou Katarina.

James roeu rapidamente as cordas que penduravam os três ratos até que eles estavam soltos finalmente.

- Agora onde está Laura e Michael? - Perguntou James.

- Não sabemos. Só colocaram nós aqui, não sei se seus irmãos estão aqui também. - Respondeu Bianca.

- Temos que encontrá-los! - Disse James.

Os quatro ratos procuraram em todos os lugares do esconderijo e não encontraram nada.

- James, eles não estão aqui! - Afirmou Katarina.

- Não, não!!! Então onde eles estão? Eu nunca devia ter feito essa viagem tola! Eu sou um verdadeiro idiota! - Dizendo isso, James sentou-se no chão e começou a chorar.

- James, olha... eu sei que você pode achar que é tudo culpa sua, mas não é. A culpa é de Douglas e sua turma de guardas imbecis! Você desistiu do tesouro da Porta das Sombras para nos salvar! Nenhum amigo que eu já conheci faria isso por mim e minha família. Olha, os seus irmãos te amam, e eu tenho certeza que eles sabem que não foi sua culpa. E também eles devem estar esperando você ir salvá-los. E aí, vai desistir de tudo e deixar eles esperando? Ou vai salvá-los enquanto ainda tem tempo?

Essas palavras encorajadoras de Katarina deixou James mais disposto e alegre. Ele suspirou, fechou os olhos por cinco segundos e levantou-se.

- Tem razão! Vamos salvar os meus irmãos! Obrigado Katarina. - Disse James, sorrindo para Katarina, que também sorriu para ele.

Enquanto isso, na caverna onde estava a Porta das Sombras, Douglas ordenou para que um guarda fosse até o baú e trouxesse o tesouro. Obedecendo, um rato forte foi andando até lá. Porém, ao pisar no corredor, uma ratoeira enorme apareceu do nada na frente do baú, e uma flecha também apareceu. Ela acertou o peito do guarda, que foi lançado longe. Ele ficou muito ferido, mas não morreu, pois a armadura que usava o protegeu um pouco, apesar da flecha atingir um local bem perto do coração.

- Ah, eu sabia! Porcaria! É um corredor de armadilhas! - Disse Douglas - Como vamos passar por essas flechas e por aquela ratoeira enorme?
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CAPÍTULO 12
Faltavam só 4 horas para a ilha ficar submersa. James e seus amigos saíram do esconderijo e Matheus tinha sumido. James já tinha contado para os amigos que Matheus estava esperando lá fora, e explicou que era um amigo dele.

- Que estranho! Ele estava aqui! - Exclamou James.

- Deve ter voltado para a praia. Está uma noite muito escura, e lá é mais claro. - Disse Bianca.

- Tem razão. Mas como vamos encontrar os meus irmãos?

- Não sei te responder isso. - Disse Katarina

- Nem eu. - Concordou Bianca.

- Mas eu sei! - Disse Lucas.

Todos olharam admirados para ele, que prosseguiu dizendo:

- Durante esses anos aqui na ilha, sem muito o que fazer, eu inventei algumas coisas. Dentre elas, uma máquina capaz de saber em que lugar dessa ilha estão alguns ratos. Ela não mostra o lugar onde está exatamente, mas já dá para ter uma ideia. A máquina está lá na nossa toca.

- Ótimo! Vamos buscá-la então. - Sugeriu James.

Os quatro ratos foram. Lucas foi procurar a sua máquina no seu quarto bagunçado, e Bianca foi o ajudar. Enquanto James esperava, junto com Katarina no andar de baixo, ele viu um álbum de fotos na estante. Curioso, James pergunta para Katarina:

- Posso ver o álbum?

- Claro, vou pegar. - Dizendo isso, Katarina se levanta, pega o álbum e o entrega para James.

O jovem rato observa as fotos e ri de algumas que são engraçadas. Até que no verso da última foto, que tinha Katarina, Bianca e Lucas; estava escrito: "Seremos sempre unidos. Família Takabirakas." James se assusta ao se lembrar desse nome.

- Porque esse "taka não sei o que" está escrito atrás da foto da sua família?

- Porque somos Takabirakas. Ou seja, é como se fosse a nossa raça, uma tribo diferente... entendeu?

- Sim, mas... eu não ouvi comentários muito bons sobre vocês não...

- O quê?

- Me disseram que você são ratos assassinos e traiçoeiros.

- Bom, seja quem for que disse isso mentiu feio sobre nós.

- Ele não pode ter mentido para mim, é o meu amigo!

- Então você dizendo que eu estou mentindo?

- Não, mas... também não estou concordando com você! - Disse James.

- Como pode duvidar de mim?

- Eu sei lá, tá legal?!! Acontece que de repente o seu irmãozinho me acerta com um pedaço de madeira e depois eu descubro que vocês são Takapiratas?

- Takabirakas! - Corrigiu Katarina - Eu pensei que isso não fizesse diferença para você. E foi só uma brincadeira do meu irmão. Ele é só uma criança!

- Pois bem, imagine o que vocês que são adultos podem fazer!

Os dois calaram-se e tudo ficou quieto. Da escada, Bianca e Lucas observavam a discussão assustados.

- Pensei que éramos amigos. - Disse Katarina com voz entristecida.

- Eu também. Mas acho que me enganei, porque amigos são sinceros uns com os outros. Adeus.

Ao dizer estas palavras, James sai pela porta da toca olhando para o chão. Tinha começado à chover, e o jovem rato caminhava pela chuva naquela noite fria e escura.

- Está tudo bem, filha? - Perguntou Bianca para Katarina, sem saber o que dizer.

- Sim, mãe. - Diz Katarina.

Ela limpa algumas lágrimas e prossegue:

- Temos que sair dessa ilha. Vamos usar o nosso barco que construímos há uns anos atrás. Não temos muito tempo.

- Mas e o James? - Perguntou Lucas.

- Ele não quer a nossa ajuda. Eu me enganei a respeito dele - Respondeu Katarina.

- Mas ele nos salvou! - Exclamou Lucas.

- É, mas isso antes de ele saber a nossa origem! Agora temos que ir. Vamos pegar bastante água e comida porque a viagem vai ser longa.

- Mas...

- Lucas, por favor, obedece! - Ordenou Bianca. - A sua irmã tem razão.

James caminhava pela chuva enquanto pensava em tudo que havia acontecido. Então decidiu voltar para a praia de onde tudo começou na ilha. Olhou para os restos de madeira e pedra que tinha utilizado para fazer uma fogueira, e se lembrou da noite em que estava com Laura perto da fogueira. Agora, além de Michael, James tinha perdido Laura também.

- Takabirakas! Porque ela não me contou antes? - Pensou ele.

- Tudo bem, amigo? - Perguntou Matheus, que surgiu de repente na praia.

- Nada bem, descobri que os meus amigos eram Takabirakas, aqueles ratos assassinos de quem você me falou.

- Sim, sim! Eu não acredito que eles estão aqui! Se eu os encontrasse...

- Afinal, porque você saiu da porta do esconderijo?

- Eu estava com medo. Não conheço esta ilha muito bem.

- Mas você disse que era historiador!

- Bom... é que eu nunca investiguei esta ilha à noite.

- Ah... posso fazer outra pergunta?

- Claro.

- O que aconteceu no barco?

- Eu não sei direito. De repente acordei em um lugar junto com seu irmão malvado. Eu estava amarrado com fortes cordas. Depois, quando perceberam que eu acordei, enfiaram uma agulha no meu pescoço e eu desmaiei. Então acordei preso novamente, só que desta vez eu estava naquele esconderijo.

- Ah, entendi... Amigo, acho que vamos morrer nessa ilha. E o pior é que eu nem encontrei os meus irmãos e não fiz nada de útil!

Quando James terminou de falar, uma flecha com ponta de agulha acertou o seu pescoço, e ele desmaiou.
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CAPÍTULO 13
A VERDADE
os olhos de James se abrem aos poucos. Deitado em algumas pedras, ele olha para o lado e vê Douglas e seus guardas. Sim, ele está na caverna da Porta das Sombras, e logo avista ela de longe. Então James vê Matheus ao lado de Douglas. Tentando se levantar, ainda com um pouco de sono, James diz:

- Soltem ele!

- Há há há! Finalmente você acordou, já achei que estava morto. Isso seria uma tragédia, mas pouparia o nosso trabalho... Disse Douglas.

- Pare com isso! Você já tem o que queria, agora solte o Matheus!

- Soltar o Matheus? Mas ele já está solto! - Disse Douglas - James, James... você é tão ingênuo! Você acreditou mesmo que Matheus era seu amigo? Ele mentiu para você.

- Não!! Isso não é verdade!! - Exclamou James.

- Não? Então vou deixar que ele mesmo que conte toda a verdade.

Matheus deu um suspiro e começou a falar:

- Desde a faculdade, eu tinha o sonho de um dia encontrar a Porta das Sombras. Mas para abri-la precisava da chave primeiro. Então descobri que o seu pai tinha a chave, e resolvi fazer amizade com você. Tentei roubar o objeto várias vezes, mas não consegui. Até que você bateu na minha porta pedindo um barco emprestado. Eu não pude perder a oportunidade. Resolvi ir com você, e insisti que você dormisse na minha casa naquela noite, para eu ter tempo de avisar Douglas sobre a notícia. Tentei me livrar de seus irmãos para ficar mais fácil depois. Foi por isso que Laura quase se afogou na banheira, só que não funcionou por causa dos berros que ela deu.

- Então foi você? - Perguntou James inconformado.

- É isso aí, James! Parece que todos mentiram para você! Fiquei sabendo que seus amigos e sua namoradinha mentiram para você sobre a origem deles. Que coisa triste! - Disse Douglas.

Realmente, James estava muito triste por tudo o que tinha ouvido.

- Eu confiei em você, Matheus! - Disse James.

- Ah, outra mentira! Ele não se chama Matheus. - Disse Douglas.

- O quê? - Perguntou James, inconformado.

- Trágico, trágico! Mas já que não tem mais ninguém, porque você não se mata de uma vez? Eu faria isso se fosse você. Mas eu não sou, porque não sou tão burro quanto você! - Disse Douglas - Bom, te trouxemos aqui por um motivo. Nesse corredor da Porta das Sombras tem várias armadilhas até chegar do outro lado, onde está o tesouro. Criamos uma armadura especial para isso, e queríamos que você testasse ela, já que ninguém se importará se você morrer mesmo!

James pensou um pouco no que Douglas lhe disse. Ele tinha razão. James tinha perdido tudo. Não tinha mais irmãos, nem amigos, nem dinheiro... e nem seus pais. E tudo por causa de um tesouro idiota. Realmente, James acreditava que ninguém se importava mais com ele. Então decidiu aceitar a terrível proposta de Douglas.

Numa certa praia da ilha, Katarina, Lucas e Bianca colocavam as suas coisas no barco, se preparando para ir embora. Katarina ainda olhava para a ilha, com o pensamento de que James voltaria arrependido.

- Filha, está tudo bem? - Perguntou Bianca para Katarina.

- Sim, mãe.

- Pois não parece. Katarina, senta aqui. - Disse Bianca, sentando na beira do barco e chamando Katarina para sentar ao lado dela. - Olha, filha, eu sei que James te magoou. Eu também fiquei magoada. Mas devemos nos lembrar de que ninguém é perfeito, e assim como ele, você também erra. Ele arriscou a sua vida e o seu tesouro da Porta das Sombras para nos salvar! Não acha que você deve retribuir este favor?

Katarina respirou fundo, olhando para a ilha.

- Mas e se ele não quiser a nossa ajuda?

- Filha, não importa se ele quer ou não a nossa ajuda! O importante é mostrar que não somos o tipo de rato que ele pensa que somos!

- É, e eu tenho certeza de que ele se arrependeu. - Intrometeu-se Lucas, sentando ao lado de Bianca.

- É, vocês tem razão. Então vamos salvá-lo, pois não temos muito tempo! - Animou-se Katarina.

Bianca então abraçou Katarina e Lucas.

Os três ficaram felizes e foram caminhando com o objetivo de encontrar James.

- Mas como vamos encontrá-lo? - Perguntou Katarina.

- Podemos usar o meu aparelho para encontrar pessoas, ué! - Respondeu Lucas.

Então o ratinho mexeu em sua mochila e pegou o aparelho. Era semelhante à um radar, porém mais estranho. Lucas apertou algumas teclas e botões que tinham no aparelho e aguardou um pouco. Até que apareceu um ponto vermelho na tela do objeto.

- Ele está próximo à Praia Rochosa! - Exclamou Lucas.

- Então vamos lá! - Disse Katarina.

Então os três ratos correram pela ilha em direção à Praia Rochosa.

Enquanto colocavam a armadura em James, ele pensou em algo que estava o intrigando. Se Matheus era inimigo dele, e mentiu o tempo todo, também deve ter mentido sobre os Takabirakas, para fazê-lo se sentir mal e separar James deles.

- Vá logo! - Ordenou Douglas para James, assim que terminaram de colocar a armadura nele.

James ainda estava pensando enquanto se preparava para ir. Então foi tudo um plano! Douglas tirou os seus irmãos dele e depois mentiu sobre Katarina para que não fossem mais amigos. James sentia muita saudade de todos os seus amigos e irmãos mais novos. Mas não tinha jeito de recuperar mesmo. Katarina e sua família já deviam ter saído da ilha, e seus irmãos estavam perdidos na ilha ou mortos!

James chegou perto do corredor então e ao colocar o pé lá, várias flechas surgiram, o acertando. Ele caiu, mas com muito esforço conseguiu se levantar. As flechas não machucavam, mas era possível sentir uma agulhada bem fraca, que doía bem pouco.

Então se aproximou o perigo final: uma grande ratoeira. James foi em direção à ela, já chorando e pensando que iria morrer. Mas quando ele percebe, já passou pela grande ratoeira sem qualquer ferimentos. Então finalmente James consegue chegar no baú dourado que até brilhava. O que se escondia lá dentro?
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CAPÍTULO 14
Katarina e sua família chegam à Praia Rochosa, onde James estaria perto. Agora o objetivo era saber o local exato onde ele estava. O aparelho não ajudava nisso, mas dava uma ideia de onde ele poderia estar. Depois de procurar na praia toda, não encontraram nada. Então Katarina estava procurando perto das pedras e viu uma luz vermelha piscando em baixo d'água.

- Pessoal, encontrei alguma coisa! - Gritou ela, chamando sua família.

- Ah, é um Localizador Extreme; um dos melhores que já foram criados! - Diz Lucas, ao observar a luz.

- E para que serve? - Perguntou Bianca.

- Bom, normalmente é utilizado por historiadores para localizar um objeto ou pessoa perdida ou escondida. Eles possuem uma "cópia" do aparelho que ficam com eles mesmos; e o outro eles colocam na terra, para o aparelho encontrar o objeto procurado. Mas esse aparelho tem várias utilidades. Também pode ser usado como uma forma de contato e localização. Uma pessoa fica com um aparelho, e a outra fica com a "cópia". Então eles podem encontrar a outra pessoa ou manter contato com ela usando o aparelho. - Explicou Lucas.

Definitivamente, Bianca e Katarina entenderam toda a explicação.

- Lucas, quanto tempo falta para a ilha ficar submersa? - Perguntou Katarina.

Lucas olhou em seu relógio de pulso e então respondeu:

- Faltam aproximadamente 4 horas!

- Nossa, não temos muito tempo! - Exclamou Bianca.

- Temos que encontrar James imediatamente! Mas como? - Perguntou Katarina.

Na caverna, James estava na frente do baú dourado, tudo o que ele queria quando decidiu ir até aquela ilha. Mesmo assim, ele não estava feliz, porque tinha perdido as pessoas que mais amava na vida - sua família e melhores amigos, que tinha conhecido há uns dias atrás.

Já que não estava mais interessado no baú, decidiu pegá-lo e trazê-lo até Douglas, que tinha lhe ordenado fazer isso.

Só que James não esperava por aquilo que aconteceu quando ele tirou o baú de seu lugar, com muito esforço. Tudo começou a tremer ali na caverna. Pedrinhas bem pequenas caíram do teto de rochas naquele instante e o lugar onde estava o baú afundou, fazendo um buraco bem fundo. E então, de repente, a Porta das Sombras começou a se fechar, e pedras maiores começaram a cair enquanto a terra ainda tremia.

Então a ilha toda começou a tremer, como um terremoto. Katarina, Lucas e Bianca se assustaram e não souberam o que fazer,sem nem mesmo saber o que estava acontecendo.

Lá dentro da caverna, James se desesperou. Com aquela armadura gigantesca, era difícil correr. Foi andando até a Porta, com a esperança de que chegasse lá antes que a Porta se fechasse de vez.

- Pegue o baú, pegue o baú!!! - Exclamou Matheus.

James só pensava em sair dali antes que a Porta fechasse, e por isso deixou o  baú para trás. Então Douglas, desesperado, lançou-se para o corredor da Porta das Sombras, e foi correndo pegar o baú dourado. Alguns guardas tentaram segurar a Porta para não fechar, mas ela era muito forte. Então os guardas desistiram e se afastaram da Porta. Várias pedras pequenas começaram a cair nos guardas e em Matheus. Assim, a Porta das Sombras se fechou totalmente.

Matheus e os guardas decidiram sair dali, antes que fossem mortos por grandes pedras que começaram a cair do teto. Eles fugiram então pelo mesmo lugar de onde entraram, debaixo d'água.

Lá fora, Katarina e sua família levaram um susto quando os guardas apareceram vindo da água.

- Ei, onde pensam que vão? - Perguntou Katarina, indo atrás dos guardas.

- Filha, não! Deixa eles, se não irão te matar! Eles são bem mais fortes do que você, logicamente! - Disse Bianca para Katarina.

- Não se preocupa mãe, não vou enfrentá-los.

Ao dizer isso, Katarina foi em direção aos guardas e mostrou todo o seu charme. Os guardas ficaram bobos. Então Katarina perguntou à eles com voz delicada:

- Senhores, estou procurando por Douglas e James. Será que poderiam fazer a gentileza de dizer onde eles estão?

- Aí, gata, eu não posso dizer não, mas você tá afim de sair comigo? - Perguntou um dos guardas.

Katarina se transformou. Ficou com cara de brava, e parecia que ia matar alguém. Então de repente, Katarina pegou um facão no seu cinto e colocou próximo ao pescoço de um guarda, que estava na frente dos outros e que tinha falado aquilo para ela. Esse forte rato foi afastando e empurrando os outros que estavam atrás. Eles estavam com medo, e isso era notável em seus rostos. Então os guardas ficaram encurralados, pois uma rocha bem alta estava no caminho.

- Que foi? Acha que não tenho medo de usar isso? Hein?!! - Exclamou Katarina.

A rata encostou o facão no pescoço do guarda e foi forçando para frente. Estava prestes a fazer um corte no rato, quando ele decidiu falar:

- Está bem, eu falo! Mas afasta isso de mim pelo amor de Deus! Eles estão debaixo dessa rocha gigante! É aí que está escondida a Porta das Sombras!!

O guarda apontou para uma grande rocha que ficava uma parte fora e outra dentro da água.

- Hum, não sei se posso confiar em você...

- Se eu fosse você confiava - Disse Lucas, apontando para Matheus, que estava saindo da água debaixo da rocha.

- Ah! Aí está você! Afaste de mim e dos meus filhos! - Exclamou Bianca.

- Que se dane você e os seus filhos. Eu só quero é sair daqui! - Disse Matheus.

Katarina tirou o facão de perto do pescoço do guarda e foi em direção à Matheus.

- Você é um grande imbecil!! - Exclamou Katarina, ameaçando Matheus com o facão.

- Calma filha, tente ficar calma. - Disse Bianca, impedindo Katarina de chegar até Matheus.

- É Katarina, acalme-se. - Disse Matheus.

- Cale a boca! - Exclamou Katarina. - Se não fosse você nada disso teria acontecido! Minha mãe não merece você, ninguém te merece! Eu te odeio pai!!
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CAPÍTULO 15
Indignados, os guardas perguntam:

- Pai???

- Não. Um pai de verdade nunca faria isso com sua família! Se eu soubesse que você seria o meu pai nunca teria nascido!

Todos ficam em silêncio e Katarina sai de perto de Matheus, ou Jack. Sim, ele mentiu sobre seu nome para James e para os guardas, porque na verdade, ele se chamava Jack. Era o marido de Bianca, antes da separação.

Com tudo o que tinha acontecido, Lucas sumiu e ninguém notou. Até que Bianca percebeu que o filho tinha sumido, e exclamou:

- Essa não! O Lucas sumiu outra vez!!!

- Dessa vez não podem me culpar, já que estão me vendo! - Disse Jack.

Katarina mexeu na mochila de Lucas que estava jogada na areia da praia, e percebeu que o equipamento de mergulho tinha sumido.

- Droga! Ele mergulhou para salvar James, eu acho. Tenho que ir até lá, se não ele vai morrer lá em baixo! - Disse Katarina.

- Tem razão filha, mas eu vou com você! - Afirmou Bianca.

- Mas, mãe... você já é uma rata de idade, idosa, e você não vai aguentar ficar sem respirar por muito tempo. Além disso é muito perigoso!

- Idosa? Idosa??? Escute aqui, Katarina, eu passei mais de dois anos vivendo com o pior marido do mundo, cheguei até aqui, conheci um rato bacana que quer namorar a minha filha e agora vou ficar aqui sentada vendo ele e meus filhos morrerem enquanto a ilha está ficando por água abaixo!! Eu não passei por tudo isso só para ficar aqui plantada feito uma árvore esperando que algo seja feito a respeito disso! Com você ou sem você eu vou mergulhar aí e salvar aqueles ratos!!!

Katarina ficou calada e paralisada, olhando assustada para a mãe, com olhos arregalados, enquanto Bianca entrava na água. Enquanto isso, Jack e os guardas já tinham fugido, sumindo no meio da mata da ilha.

Então Bianca e Katarina mergulharam usando uma lanterna à prova d'água, que encontraram na mochila de Lucas. Até que acharam a passagem bem lá no fundo e entraram, chegando à superfície em alguns segundos. Bianca chegou primeiro, e nem parecia cansada. Logo veio Katarina atrás, toda cansada e ofegante.

- Viu? Quem é a idosa agora?! - Perguntou Bianca.

James e Douglas estavam presos no corredor, dentro da Porta das Sombras. Douglas, segurando o baú dourado, pega um palito de fósforo em seu bolso e o acende. Isso torna possível ver o ambiente escuro e assustador. Os dois ficam calados, sem se falar, olhando as paredes de pedra do corredor.

De repente, James vê um vulto escuro atrás de Douglas, e diz para o irmão sussurrando:

- Douglas, fica parado. Acho que tem algo atrás de você!

Com medo, Douglas obedece. James foi andando agachado bem lentamente na direção do irmão mais velho. Quando chegou perto, olhou e não havia nada lá. Então uma grande sombra aparece na parede. Os irmãos fazem movimentos e gestos para garantir que não são as suas próprias sombras. E descobrem que não é!

A sombra gigante some, e tudo fica calmo por um tempo. Até que James e Douglas ouvem um barulho de vento, e depois de chuva. Em seguida, eles escutam também um som de como se alguém estivesse queimando algo. Mas não havia fogo ali, só o fósforo aceso de Douglas, mas com certeza não era aquilo que fez aquele barulho.

Então o chão começa a tremer. Fora do corredor, nada disso acontecia na caverna, na ilha ou em qualquer outro lugar. O chão do corredor começa a se quebrar então, e os irmãos se desesperam. Vai quebrando aos poucos, começando pelo meio. Em baixo, há um grande buraco escuro e muito fundo. Douglas corre e encosta na parede, e James faz o mesmo. Eles tentam segurar em algo, mas não há nada para segurar.

Do lado de fora da Porta das Sombras, Lucas estava mexendo na sua mochila, enquanto Bianca e Katarina chegavam na "grande sala de pedras", onde ficava a Porta. Elas olhavam ao redor, observando tudo aquilo. Katarina passa a mão sobre a Porta e pergunta:

- James está preso aí dentro?

- Sim, mas vou tentar tirá-los daí à tempo! - Respondeu Lucas.

- Mas como? - Perguntou Bianca.

- Bom, já que não dá para abrir com a chave original, vou fazer uma cópia dela com o meu "Super copiador de chaves" e tentar abrir a Porta. Mas não é certeza de que dê certo. - Adverte Lucas.

- Ah... mas o que aconteceu com a chave original, filho?

- Também queria saber, mãe... mas ela desapareceu, não sei onde está.

Katarina olha no relógio de Lucas e diz:

- Temos só 3 horas!

Atrás da Porta das Sombras, o chão ainda estava quebrando. Até que termina de quebrar do lado de Douglas, e ele cai no buraco. James tenta salvá-lo, mas não consegue, porque está do outro lado do corredor.

Lucas faz alguns ajustes finais na chave e a coloca na grande fechadura da Porta, que é bem diferente das fechaduras comuns. O plano e o trabalho de Lucas valeram a pena, porque a Porta se abre, e os três ficam aguardando terminar de abrir.

Quando finalmente a Porta das Sombras é aberta, Katarina e sua família olham sem acreditar para o grande buraco escuro e fundo, percebendo que James tinha caído ali. Logo Katarina pensa um pouco e descobre o que aconteceu. Então começa a se culpar, dizendo:

- Foi tudo culpa minha! Se eu não tivesse discutido com ele e pensado em deixá-lo aqui na ilha nada disso teria acontecido!

Após dizer isso, Katarina começa a chorar e senta no chão, com a cabeça escondida entre seus joelhos.

- Filha... não se culpe por isso. Com certeza, os únicos culpados dessa história toda foi Douglas e seus comparsas! Incluindo Jack, aquele desgraçado, sem-vergonha duma figa... - Consola Bianca.

- Obrigado mãe, mas ainda me sinto horrível sabendo que ele vai morrer nessa ilha daqui à algumas horas e não podemos fazer nada! Se ao menos soubéssemos se ele está vivo ou não... poderíamos pelo menos tentar salvá-lo! - Disse Katarina.

- Desculpa filha, eu também queria salvá-lo, mas temos que voltar para o nosso barco se não morreremos aqui também.

Bianca vai andando abraçada com Katarina e Lucas, que pega suas coisas para sair dali também, antes que seja tarde demais.
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CAPÍTULO 16
Quando Katarina e sua família estão se preparando para entrar na água para voltar à Praia Rochosa, eles escutam um som que se repete várias vezes. E o radar de Lucas mostra que há duas pessoas ali por perto. Lucas pega o aparelho na mochila e vai até o fundo buraco da Porta das Sombras com ele. Então o barulho e a velocidade do radar aumenta, mostrando que Douglas e James ainda estão vivos lá em baixo. Ao saber disso, Katarina decide ir até lá salvar James.

- Mas filha, não sabemos a profundidade desse buraco, e ele parece ser bem fundo! E o que vamos encontrar lá? E como vamos subir depois? - Disse Bianca.

- Mãe, mas se ele conseguiu descer são e salvo, nós também conseguimos. - Disse Katarina.

- Mais uma vez, eu tenho a solução para isso. - Intrometeu-se Lucas - Eu criei uma corda super resistente e mais longa do que todas as outras! Você pode escolher o tamanho que quiser. E as suas pontas se prendem facilmente em qualquer lugar! Eu sabia que isso seria útil algum dia.

- Ótimo! Vamos até lá usando essa corda e voltamos nela também! - Contentou-se Katarina.

- Mas não podemos demorar muito, porque a ilha estará submersa logo! - Alertou Lucas.

- Então vamos logo! - Disse Katarina ansiosa.

- Mas filha... é muito perigoso...

- Obrigado por se preocupar mãe, mas eu preciso salvar James! Não posso deixá-lo aí.

- Tá bem... mas vamos todos juntos então!

Katarina, Lucas e Bianca se aprontaram, pegando a corda especial de Lucas e amarrando nas suas cinturas. Então o garoto prendeu a corda no chão, deixando-a firmemente presa ali. E eles começaram a descer pela corda, apoiando os pés na parede e segurando a corda com as mãos. O lugar era como um poço bem fundo sem água.

Lá em baixo, Douglas e James andavam pelo lugar escuro e assustador. Realmente eles estavam vivos. Tinha muitas teias de aranha pela frente, como um lugar abandonado. Em alguns lugares, eles tiveram que passar por corredores bem estreitos, com algumas poças de água. 

Até que os palitos de fósforo de Douglas não acenderam mais, ao passar por um corredor escuro cercado por pedras. James ficou assustado e lembrou de sua lanterna que tinha ficado no bolso. Pegou ela e tentou ligar, mas não acendeu.

- Douglas, estamos indo longe demais. Disse James - Acho melhor voltarmos e procurar ajuda.

- E quem irá nos ajudar? Os tubarões depois que a ilha estiver submersa? Não adianta, vamos morrer aqui!

Quando Douglas termina de dizer isso, tudo começa a tremer, e o corredor começa a encher de água, que cai do teto de pedras.

- Temos que sair daqui!! - Exclamou James.

- Mas eu não enxergo nada! Está tudo escuro!

De repente, começa a surgir fogo na parede, assim que a água para de cair. O ambiente torna-se mais claro por causa disso.

- Fogo? Mas agora pouco tinha água aqui! E de onde surgiu ele? - Perguntou James, não intendendo nada.

Então um forte vento começou, e quase levou os dois irmãos, mas eles se seguraram nas pedras. Porém, o baú foi levado pelo vento e sumiu. O fogo se apagou então com a ventania. Depois de um tempo, para de ventar e tudo fica calmo novamente.

- Venha Douglas! A saída é por aqui! Eu vi quando o fogo iluminou tudo! - Exclamou James, puxando Douglas.

- Não! Preciso recuperar aquele baú!

- Douglas, não!! Você vai morrer!!

Ignorando o aviso de James, Douglas corre para o outro lado do corredor, atrás do baú misterioso.

Quando conseguiu parar e pensar um pouco, James percebeu uma coisa interessante. Pegou a sua chave da Porta das Sombras e olhou bem nela, usando a sua lanterna, que já funcionava. Na chave tinha quatro desenhos: um parecia ser água, o outro fogo, o terceiro vento e o último era semelhante à montanhas. Tudo isso tinha acontecido há pouco tempo, pois caiu água das pedras, depois começou a pegar fogo, e em seguida veio aquele vento forte. E antes de tudo isso, ainda tinha acontecido um pequeno terremoto ali. Mas o que será que isso significa? Porque eles foram atacados com esses elementos, e quem estaria por trás de tudo aquilo? James precisava saber a resposta.

Com pena de Douglas, James foi atrás dele para dar-lhe o aviso do que tinha descobrido e salvá-lo.

Perto dali, Bianca e seus filhos iluminavam o caminho com lanternas enquanto chamavam por James. De repente ouviram alguns alguns barulhos e passos. Eles olhavam em sua volta, mas não viam ninguém. Os passos se aproximavam. Eram passos diferentes, estranhos.

Ao olhar para trás, Katarina vê uma criatura imensa e escura. Não era possível enxergá-la. As luzes das lanternas se apagaram, o que dificultou ainda mais de identificar a criatura.

Então ao redor da caverna, tudo começou a pegar fogo, e estava esquentando mais. Então começou a encher de água. Mas mesmo assim, o fogo não se apagava. E um vento fraco iniciou-se, seguido de um  pequeno tremor de terra. E raios começaram a cair ali perto, dentro da caverna mesmo.

A luz do fogo tornou-se mais forte, fazendo com que tornasse possível ver o rosto da criatura. Mas o que era aquilo?
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CAPÍTULO 17
Depois de atravessar um corredor escuro, repleto de teias de aranha e pedras, James chega num lugar bem grande e alto. Então avista Douglas, com uma tocha na mão olhando as rochas das paredes.

- Douglas, é sério, precisamos pelo menos tentar sair daqui! Deve faltar pouco tempo para a ilha ficar submersa! - Disse James, olhando para o irmão.

Quando James olha para a parede, se depara com desenhos e mensagens grifadas lá. Entre essas mensagens, algumas eram horripilantes pedidos de socorro. Outros eram alertas, como "cuidado, elas estão perto!" e "fuja, evite o escuro!" Dessa vez os dois irmãos ficaram ainda mais assustados.

- Tem razão, James. Vamos embora daqui! - Disse Douglas, se afastando da parede.

Então os dois iam sair dali correndo, mas Douglas avistou o baú dourado em um canto. Ele correu imediatamente até o baú e pegou um objeto em seu bolso. Assim colocou o objeto na fechadura do baú, que se abriu instantaneamente.

- Eu achei que tinha que colocar a chave da Porta das Sombras para abrir o baú. - Comentou James.

Um pouco de fumaça saiu de dentro do baú. Ali havia quatro quadrados, no qual tinham quatro fôrmas diferentes. Um parecia vento, e os outros eram semelhantes à fogo, água e terra, ou montanhas. Então, na fôrma de ar, Douglas assoprou. Parecia que o ar que ele assoprou ali tinha ficado congelado na fôrma; e o mesmo aconteceu com os outros elementos. Na de fogo, Douglas pegou a sua tocha e colocou um pouco de fogo ali. Então ele encostou a mão no chão, tirou um pouco de terra e jogou na fôrma de terra. Na de água, Douglas cuspiu ali. Após fazer tudo isso, a placa onde contia as fôrmas e impedia que pudessem ver ou pegar o que tinha dentro do baú se quebrou.

Finalmente era possível obter o tesouro do baú. Mas o que era? James chegou mais perto para ver. Algo brilhava muito ali dentro, e a luz do objeto era forte, mas menos do que James imaginava que fosse.

A ilha estava ficando mais submersa, e a água já tinha entrado na caverna, chegando na Porta das Sombras. Logo a água caiu no grande buraco onde todos estavam, e chegou até Katarina e sua família. O nível da água ainda estava bem baixo, só chegando a molhar os pés deles. Mesmo assim, a criatura desapareceu misteriosamente, quando todos olharam para a água, se distraindo.

- O que era aquilo? - Perguntou Bianca.

- Não sei, mas precisamos sair logo daqui! A ilha já está ficando por água abaixo! - Disse Katarina.

- Tem razão, vamos logo encontrar James! - Apressou Lucas.

O tesouro que estava dentro do baú era um queijo. Mas não era um queijo comum, era o inédito queijo dourado, que era muito especial.

- O queijo dourado! Com ele podemos ter e fazer tudo, somos o dono do mundo! - Exclamou James.

- E podemos mandar em todos os ratos, porque eles vão querer nos obedecer! Seremos os reis deste planeta. - Completou Douglas.

Aquele queijo nunca acabava. Era algo complicado para uma mente comum, mas de alguma forma o queijo não tinha fim. Assim, qualquer um que o possuía, poderia governar o mundo inteiro, pois seu povo seria feliz, afinal, nunca mais ninguém passaria fome. Com aquilo, ninguém precisaria trabalhar para ganhar seus queijos. Mas e se o queijo dourado caísse em mãos erradas?

A água chegou até James e Douglas. Eles pegaram o queijo e saíram dali correndo. Então após correr bastante, James finalmente se encontrou com Katarina e sua família, no meio do caminho.

- Katarina, você voltou! - Exclamou James bem alegre - Me desculpe por aquilo, eu sou um idiota! Eu não sabia quem realmente era os meus verdadeiros amigos e se preocupavam mesmo comigo.

- Tudo bem, James. Agora temos que sair daqui! - Disse Katarina.

Então tudo começou a desmoronar, e algumas pedras começaram a cair de cima da caverna. Além disso, um pouco de água começou a sair dos vãos que as pedras deixavam quando caíam.

- Corram!!! - Gritou James.

Douglas já tinha sumido na frente, e nem esperou o irmão. A água já estava na cintura deles, e, à medida que se aproximavam da saída, a água aumentava mais.

Finalmente chegaram ao buraco por onde vieram. Douglas já estava subindo por uma das cordas que Bianca e seus filhos tinham deixado ali para voltarem depois. Então James, Bianca, Katarina e seu irmão subiram pela corda. Eles subiram rapidamente, até que a corda de Douglas arrebentou, e ele foi caindo. Mas James o segurou, antes que caíssem lá em baixo. Bianca chegou primeiro e conseguiu subir. Lucas também conseguiu logo em seguida. Douglas chegou no topo, assim como Lucas e Bianca, e James veio logo atrás. Katarina também estava chegando, mas uma coisa terrível aconteceu: alguém a puxou pela perna para baixo, e ela começou a gritar.

James não pensou duas vezes e pulou lá em baixo, segurando na corda. Lá em baixo, tudo já estava coberto de água, e enchia cada vez mais. O indivíduo puxava Katarina para a água, mas James chegou à tempo e agarrou a mão dela. Ele puxou Katarina para cima, mas a criatura era mais forte.

Então James olhou atrás de Katarina e pôde ver o rosto daquela criatura. Era um monstro escuro, de cor preto, cinza, marrom e vermelho escuro. Ele era muito estranho e assustador, e seus dentes pareciam ser de ferro. James estava perdendo as forças. Mas se soltasse, Katarina morreria nas mãos daquela criatura tenebrosa.

Quando Lucas e Bianca se deram conta do perigo, foram ajudar rapidamente. Pularam no buraco e também puxaram Katarina pela mão e pelos braços. Porém, eles ainda precisavam de um pouco de ajuda. A água já estava chegando neles. O problema era que o fogo se misturou com a água e não se apagou, de alguma forma estranha. Assim, a água dali estava fervendo como se tivesse a colocado numa panela, no fogão e acendido o fogo.

Não tinha mais nada para se fazer para se salvarem. Será este o fim daqueles pobres ratos?
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CAPÍTULO 18
Lá em cima, Douglas observava a situação. Katarina estava muito perto da água, e a temperatura ali estava muito alta. Percebendo que ia morrer na água quente, Katarina fechou os olhos.

De repente, Douglas desce na corda e aparece lá em baixo. Então ele começa a puxar o braço de Lucas, que puxa a sua mãe, que segura James, que também puxa Katarina. Assim formou-se uma corrente. Katarina olhou para cima e viu todas aquelas pessoas, principalmente James, fazendo um grande esforço para salvá-la, e pensou:

- Não posso desistir agora. Ninguém desistiu de mim, então eu também não vou desistir!

Katarina começa a fazer força para cima, e a mão da criatura solta ela, como um ato de desistência. Todos sobem na corda e se salvam, saindo daquele buraco imenso.

- Vamos, temos que sair logo daqui! - Exclamou Bianca, após abraçar a filha.

Todos começam a correr para a saída. Sorridente, James diz para Douglas:

- Valeu, Douglas.

Douglas dá um sorriso rápido para o irmão e logo olha para frente novamente.

- Como só tem três tanques de oxigênio, vou deixar Katarina e Bianca ficar com dois, e o outro fica comigo, porque eu sou mais novo, OK? - Explicou Lucas.

Todos concordaram com o que Lucas sugeriu, e assim se fez. Quem estava com os tanques de oxigênio foram na frente. Depois de um tempo, Lucas, Bianca e Katarina chegaram na praia. Então ficaram esperando James e seu irmão.

Lá em baixo, James estava quase chegando na praia quando percebeu que Douglas tinha sumido. Se lembrou então que ele levava o queijo dourado. Será que alguém tinha vindo atrás dele por causa do queijo? Sobrava-lhe pouco ar para James, mas se ele deixasse Douglas lá por mais tempo, ele morreria. Então decidiu salvar o irmão.

James mergulhou lá no fundo e viu um brilho. Sim, era o brilho do queijo dourado, que estava perto de Douglas, enquanto ele estava desmaiado na areia. James tentou pegar o queijo mas não conseguiu, pois era muito pesado. Então ele pegou só Douglas e saiu imediatamente dali, indo para a praia.

Chegando lá, Katarina e sua família correram na direção de James, com cara de preocupação logicamente.

- Ah, meu Deus! O que houve?! - Pergunta Bianca, ao ver o estado de Douglas.

Após tomar um pouco de ar, James responde:

- Ele afundou por causa do queijo dourado que é muito pesado. Então deve ter insistido em levar o queijo e se afogado.

- Ele está morto? - Perguntou Katarina, assustada.

Lucas pega um aparelho em sua mochila.

- O que é isso, Lucas? - Perguntou Bianca.

- Isso serve para saber se uma pessoa está realmente viva ou não. - Explicou Lucas.

- Mas não é mais fácil colocar o dedo no pulso ou no pescoço dele? Ou simplesmente colocar o ouvido no seu peito para ouvir os batimentos do coração? - Perguntou Katarina.

- Não, porque a minha máquina nunca falha!

Lucas mexe em vários botões, enquanto todos observam.

- Essa não! Não temos tempo para isso! - Pensou James.

Então James passou por eles e colocou o ouvido no peito de Douglas.

- E aí, ele está vivo? - Perguntou Katarina, curiosa.

Após um pouco de suspense,  James responde:

- Felizmente sim!

- Ai, que ótimo! - Exclamou Bianca.

- Mas ele ainda está inconsciente. - Disse Lucas.

James pede que todos se afastem um pouco, e começa a pressionar o peito de Douglas com as duas mãos. Depois de alguns segundos fazendo isso e respiração boca-a-boca, Douglas cospe um pouco de água.

- Graças à Deus! Você está bem, irmão! - Dizendo isso, James abraça Douglas.

A água molha os seus corpos, e eles se lembram de que tem que continuar. Todos se levantam, e vão para o interior da ilha, passando pela densa mata.

- Precisamos chegar até a outra praia, onde está o nosso barco que usaríamos para ir embora. Mas a praia está do outro lado da ilha, então temos que correr! - Explicou Katarina.

- Espera! - Exclama James, de repente - Douglas, onde está Laura?

- Eu não sei... Jack que tinha ficado encarregado de ficar com ela! - Respondeu Douglas.

- E onde está Jack? - Perguntou James.

- Desculpa James, mas temos que ir, se não o barco será puxado para baixo quando a maré subir mais, porque ele está amarrado em uma árvore da ilha, próxima a praia. - Disse Bianca, interrompendo a conversa.

- Tudo bem, você tem razão. Vocês vão até lá enquanto eu procuro por Laura aqui na ilha. Daí, quando vocês estiverem no barco, venham atrás de mim, até onde tiver água. - Disse James.

- Boa ideia! Boa sorte, James, e tenha cuidado! Nós voltamos logo! - Despediu-se Bianca.

- Está bem. - Concordou James.

- Espera! James, eu vou com você! - Exclamou Katarina.

- Tem certeza disso? - Perguntou James.

- Sim, eu tenho!

- Está bem, então vamos.

Katarina e James foram então pela ilha à procura de Laura; enquanto Bianca, Douglas e Lucas iam na direção do seu barco, para se salvarem.
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CAPÍTULO 19
Bianca, Lucas e Douglas chegaram na praia. O barco já estava longe da areia.

- Como vamos chegar até lá? - Perguntou Lucas.

- Podemos ir nadando, não? - Sugeriu Douglas.

- Não dá. De noite é muito perigoso entrar nessas águas e ir muito longe da praia. Além de criaturas perigosas, existem certas cobras-d'água, que podem nos puxar para o fundo do mar. - Explicou Lucas.

- Mas então como chegaremos até lá? - Perguntou Douglas.

- Isso eu não sei.

- Que tal voltarmos até a nossa toca e procurar algo lá para atravessarmos a água até chegar no barco? - Sugeriu Bianca.

- Boa ideia, mãe. Mas temos que correr, se não morreremos aqui. - Disse Lucas.

Então os três ratos foram correndo à caminho da toca de Bianca e sua família.

Entre as árvores daquela escura e sombria floresta da Ilha Brakemod, James e Katarina procuravam por Laura e Michael, se ainda estivessem vivos. Se houvesse pelo menos uma pista de onde eles estavam, isso facilitaria a procura. Andando um pouco mais, Katarina e James encontraram os outros novamente: Bianca, Lucas e Douglas.

- Aonde vocês vão? - Perguntou James.

- Vamos até a nossa toca. Precisamos de algo para chegarmos até o barco, porque ele está muito longe da praia. - Explicou Bianca.

- Agora me lembrei que deixei um bote-salva-vidas amarrado numa árvore da Praia Rochosa. Usei ele para vir até a ilha quando o barco onde eu estava naufragou. Eu sabia que seria útil um dia! Se ele ainda estiver lá, poderão usá-lo. - Contou James.

- Então vamos até lá porque é mais perto do que a nossa toca! - Disse Lucas.

Douglas, Bianca e seu filho foram então até a Praia Rochosa. Enquanto isso, James e Katarina prosseguiram na procura.

Chegando à Praia Rochosa, os três ratos procuraram o bote e logo o encontraram. Ele estava boiando na água, em vez de estar na areia, mas estava no raso. Assim, eles desamarraram a corda que prendia o bote à uma árvore e conseguiram levá-lo.

Então Bianca, Douglas e Lucas voltaram à mata, em direção à praia onde estava o seu barco, levando o bote-salva-vidas.

Lá no meio da floresta, James decidiu voltar ao esconderijo onde entrou para salvar Katarina e sua família aquela vez. Talvez Laura esteja escondida lá de alguma forma bem camuflada.

Chegando no esconderijo, James e Katarina procuraram em todas as salas primeiro. Olharam até nos lugares que não tinha possibilidade de ter alguém lá. Então James observou algo estranho. No final do corredor tinha uma parede enfeitada com pedras. Porém, é claro que não era isso que era estranho. Esquisito era o fato de essas pedras parecerem meio soltas, sem nenhum tipo de cimento ou "cola" para prendê-las corretamente. James foi então até essa parede, e, com muito esforço, tirou uma pedra do lugar. Sim, era uma passagem, mas o outro lado era totalmente escuro, então não era possível enxergar nada. Katarina e James começaram a tirar as outras pedras da suposta "parede".

Era algo estranho mesmo, pois não havia nada aparentemente que estivesse "colando" ou unindo as pedras, mas mesmo assim era bem difícil de tirá-las dali. É como se estivessem presas a algo invisível, pelo menos à olho nu.

Ao retirarem todas as pedras, Katarina e James decidem entrar lá dentro, porque abriu-se uma passagem.

- Mas é muito escuro, e isso pode ser perigoso demais! Precisamos de algo que ilumine o caminho. - Disse James.

- Acho que tenho alguns palitos de fósforo aqui na minha mochila. Vou pegá-los. - Disse Katarina.

Ela mexeu então em sua mochila e pegou uma caixinha de fósforos. Riscou um deles, o acendendo e iluminando o caminho.

Quanto mais eles caminhavam por ali, mais a caverna se tornava estreita e pequena. Até que tiveram que começar a engatinhar, porque não podiam mais andar em pé, por causa do teto da caverna que estava mais baixo. Então ouviram um grito de socorro que logo se calou.

- Eu acho que são meus irmãos!!! - Vamos, estamos perto! - Exclamou James.

Até que a caverna "encolheu" ainda mais, e eles tiveram que se espremer para passar por ali. Era um desespero total, porque a qualquer momento eles poderiam entalar ali. Felizmente, nenhum deles tinha fobia de lugares fechados.

Mas finalmente os dois ratos chegaram no destino. Era o fim do pequeno corredor, mas não da caverna. Logo no final daquele corredor estreito, tinha uma sala sem saída. Porém, James e Katarina não conseguiram passar do corredor, pois era pequeno demais. Só uma criança pequena passava ali. O palito de fósforo que estava aceso terminou de queimar, e assim se apagou. Katarina precisava acender outro, mas estava muito apertado para isso. Então James decidiu gritar logo:

- Laura, Michael! Maninhos? Vocês estão aí?

Passou-se um tempo e nenhuma resposta foi lhe dada. James e Katarina já iam voltando quando ouviram uma risada. Era uma voz masculina, reconhecível.

- Certamente meus irmãos devem estar aí então! - Disse James ao ouvir a risada.

Sim, a risada maléfica era dele, daquela pessoa mascarada, mentirosa e muito malvada, cujo James o detestava. E com certeza os irmãos de James estariam com ele.
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CAPÍTULO 20
A praia já estava toda coberta pela água. Chegando lá, Lucas não perdeu tempo. Junto com Bianca e Douglas, colocaram o bote na água e subiram em cima dele. Foram então remando até o grande barco para salvarem suas vidas. Então fizeram isso e conseguiram subir no barco sãos e salvos. Agora estavam seguros ali.

Na caverna, James finalmente conseguiu acender o palito de fósforo, e o jogou na caverna escura e fechada. Agora era possível enxergar lá dentro. Alguns segundos antes, eles tinham ouvido uma voz semelhante à de Matheus, ou Jack. Mas não era possível ver ninguém na "sala". Eles precisavam passar pelo final daquele corredor estreito para saber o que realmente tinha naquela sala. Se espremeram mais. Mesmo assim, não conseguiram passar por ali.

- Não adianta, somos grandes demais para passar por aqui. - Disse James.

Katarina pensou um pouco e teve uma ideia. Então ela disse:

- Tem razão, mas eu sei quem conseguirá passar por aí! Alguém pequeno, menor do que nós. Uma criança que também está nessa ilha.

James entendeu a quem Katarina se referia. Os dois decidiram voltar para a ilha, a fim de encontrar aquela pessoa. Assim, com muita dificuldade, saíram do estreito corredor. No fundo, antes deles saírem, foi possível ver um vulto passando pela "sala", um pouco antes do fósforo se apagar. Mas nem James e nem Katarina viram isso.

No barco, Douglas se ofereceu para pilotá-lo, e Bianca permitiu, confiando nele. Então Douglas dirigiu o barco até a beira da ilha, onde ainda estava fora d'água, para esperar James e Katarina.

- Não acha que temos que ajudá-los? - Perguntou Lucas para a mãe.

- É melhor ficarmos aqui mesmo Lucas, lá é muito perigoso. E por enquanto eles estão mantendo o controle da situação. - Respondeu Bianca.

Depois de alguns minutos, a beira da ilha fica um pouco mais longe, pelo fato de que a maré encheu mais. Então James e Katarina chegam, e explicam toda a situação. Sim, Lucas é o único ali na ilha que poderia entrar naquela "sala" daquela caverna. Ele queria ir ajudar, mas sua mãe já estava muito preocupada.

- Mãe, a gente sabe que é perigoso, mas ele é o único que pode entrar lá! E se os irmãos de James estiverem presos lá? De repente eles podem não ter respondido à James quando ele chamou pois poderiam estar desmaiados ou com a boca fechada. - Disse Katarina.

- Está bem! Mas por favor, tomem cuidado! - Disse Bianca, dando um breve suspiro.

Então eles agradeceram Bianca e foram até o esconderijo, pois não podiam perder tempo.

Chegando à caverna, os três entraram no corredor e foram até o final, com palitos de fósforo para iluminar o caminho. Como James e Katarina imaginaram, Lucas conseguiu passar pelo corredor inteiro chegando assim na caverna fechada, semelhante à uma sala com rochas ao redor.

James entregou a caixa de fósforos para Lucas, e ele acendeu. Com muito medo, olhou nos cantos da pequena sala. Realmente, não havia nada ali.

- Encontrou alguma coisa? - Perguntou James.

- Não, nada. - Respondeu Lucas.

Depois de olhar novamente com mais atenção para o chão, Lucas viu algo enterrado. Era possível ver só uma parte branca da coisa. Então Lucas resolveu desenterrar. Aos poucos foi cavando com as mãos mesmo. Até que cavou o suficiente para perceber o que era: um osso. Mas não era um osso pequeno. Cavou mais um pouco e encontrou mais ossos, todos juntinhos.

O medo e o suspense invadiram a sala, e a tensão aumentou. Quando Lucas terminou de cavar a última parte do conjunto de ossos, perceberam que era um crânio. Então havia ali um esqueleto de rato completo. Ao ver isso, ele se assustou e deu um grito, afastando ao mesmo tempo dos ossos.

- O que foi? Tá tudo bem aí, Lucas? - Perguntou Katarina.

Depois de um tempo em silêncio, Lucas recupera o fôlego e responde:

- Sim, eu encontrei um esqueleto completo de um rato que estava enterrado aqui no canto. Meu Deus, quem poderá ser?

- Calma, fique calmo, não deve ser nenhum conhecido. - Tranquilizou James - Agora tente procurar mais coisas, mas tome cuidado! Você está indo muito bem.

Lucas percebe então que há mais alguma coisa ao lado do esqueleto, que também está enterrada. Ele cava novamente no local com as mãos, até que descobre que aquilo era Quartzo, uma pedra preciosa e valiosa.

- Encontrei uma pedra preciosa aqui! Parece ser Quartzo. - Disse Lucas.

- Está bem, Lucas, mas nós precisamos mesmo é encontrar os irmãos de James. - Disse Katarina.

- Deixa Katarina, eles não estão aí. Vamos voltar logo e procurar em outro lugar antes que não dê mais tempo de fazer isso! - Sugeriu James.

- Está bem, como quiser. - Concordou Katarina - Vem Lucas.

O garoto ia vindo logo atrás deles quando algo aconteceu. Ao saírem do corredor, James e Katarina perceberam que Lucas não estava vindo. Então James voltou para ver o que tinha acontecido, e não encontrou Lucas.

- Lucas? Lucas!!! - Chamou James.

- Socorro! Eles são... - Disse Lucas de bem longe, sem poder completar a sua frase por algum motivo.

James então voltou até Katarina e contou o que aconteceu.

- Meu Deus!!! Como vamos salvá-lo se não passamos pelo corredor? - Perguntou Katarina, assustadíssima.

- Não sei, também estou desesperado!

Katarina começou a chorar então, por ter perdido o seu irmão e não poder salvá-lo.



E a ilha ficava cada vez mais em baixo d'água. James e Katarina não sabiam mais o que fazer, mas também não podiam deixar que Lucas ficasse na ilha e morresse. Talvez não houvesse solução. Esse poderia ser o fim de Lucas. E será mesmo?
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CAPÍTULO 21
Sem encontrar nenhum jeito de salvar Lucas, Katarina e James decidiram voltar à mata da Ilha, saindo então daquele esconderijo.

- Droga! Isso foi tudo culpa minha! Se eu não tivesse vindo procurar meus irmãos, nada disso aconteceria! Eu sou um idiota inútil! - Culpou-se James.

- Calma James, calma. - Consolou Katarina. - Não se culpe por isso.

De repente, Lucas aparece atrás deles gritando:

- Espera por mim! Estou aqui!

- Lucas? - Perguntou Katarina.

- Sim, sou eu! - Disse ele.

Nesse momento, Lucas saiu do corredor, vindo do escuro.

- Graças à Deus! Pensei que tivesse perdido você outra vez! - Disse Katarina aliviada.

- Mas o que aconteceu? - Perguntou James curioso.

- Bom, eu já vinha vindo quando uma criatura me agarrou e tentou me sufocar. Fiquei com muito medo. Então eu lembrei que eu tinha um martelo na minha mochila. Dei um chute bem forte na perna dele, e isso o enfraqueceu. Assim, eu consegui me soltar e fui até a minha mochila. Abri rapidamente e peguei o martelo. Sem nenhum dó, bati na criatura com o martelo. Com isso eu descobri o que realmente era aquela coisa. - Explicou Lucas.

- E o que era? - Perguntou Katarina.

- Eram só robôs! E de alta qualidade! - Disse Lucas - Inclusive aqueles que nos atacaram no buraco da caverna da Porta das Sombras! E eu sei disso porque eles são iguais à este que me atacou.

- Robôs? Mas isso não faz sentido! Quem criaria robôs como aqueles e os colocaria na Porta das Sombras? - Duvidou James.

- Bom esses robôs são muito bem programados, eles são controlados por alguém; e ainda são à prova d'água. Mas eu não sei quem pode ter os criado. - Disse Lucas.

- Então estávamos sendo vigiados o tempo todo por alguém que controlava os robôs? - Perguntou James.

- Provavelmente sim. - Respondeu Lucas.

- Espera um pouco... eu conheço uma pessoa que sabe criar robôs como ninguém! Mas ainda não fará sentido. - Disse Katarina.

- Quem? - Perguntou Lucas.

- Jack, o nosso pai! - Respondeu Katarina - Mas se ele nem tinha encontrado a Porta das Sombras ainda, como deixou os robôs lá e os controlou?

- Talvez ele já tivesse entrado lá antes. Não é a primeira vez que ele mente para todos - Disse James.

- Mas mesmo se fosse isso, porque ele não aproveitou e pegou o queijo dourado, que é o sonho de todo rato? - Perguntou James.

- Em falar nisso, onde será que Jack está agora? - Perguntou Katarina.

Enquanto isso, no barco dos Takabirakas, Bianca já estava preocupada com a demora de Lucas. Então ela percebeu que Douglas tinha sumido. Decidiu ir procurá-lo pelo barco.

- Douglas? Cadê você criatura? Douglas! Ah, quem precisa dele? Cada coisa que acontece nessa ilha... - Disse Bianca - Agora o rapaz desaparece do nada! Vai ver ele fugiu com o tesouro com medo de eu roubar. Cara esquisito!

Ao terminar de dizer isso, Bianca se vira e é surpreendida com uma visita desagradável em seu barco. Sim, é aquela pessoa de quem Katarina estava falando.

- Você não me esquece mesmo, não é? - Disse Bianca.

Jack estava apontando uma arma para Bianca, e seus guardas estavam logo atrás dele.

- Eu não estou de brincadeira. Me dá logo o que eu quero que eu vou embora! - Disse Jack.

- Mas não está comigo! O queijo dourado está com Douglas, o seu parceiro! - Respondeu Bianca.

Então Douglas apareceu atrás de Jack, e Bianca percebeu que Jack já tinha o queijo dourado.

- Não seja tola! O que eu quero é a chave da Porta das Sombras! - Explicou Jack.

- Mas não está comigo também!

Jack ordenou que os guardas a revistassem, para garantir que era verdade. E não encontraram a chave.

- Hum, então deve estar com James. Guardas, vão até a ilha e encontrem James! Depois traga-o vivo até mim! - Ordenou Jack.

Os guardas obedeceram e foram então. Jack e outro guarda que tinha ficado ali seguraram Bianca pelos braços e a puxaram até um lugar. Ela tentou se soltar mas não conseguiu. Jack acionou então um tipo de aparelho que começou a soltar uma fumaça na direção de Bianca, que logo desmaiou.

James, Lucas e Katarina decidiram voltar para o barco, para deixar Lucas lá, pois ele estaria seguro ali. Mas no caminho encontraram com os guardas que facilmente os cercaram e os capturaram, apesar de tentarem correr. Então eles foram levados até o barco de Bianca, onde estava Jack e Douglas os esperando.

- James, James... nos encontramos novamente, velho amigo! - Disse Jack ironicamente.

Logo James viu Douglas ali também e disse:

- Douglas, seu traidor! O que vocês querem dessa vez? O queijo dourado não está comigo, como vocês devem fazer ele ficou preso no fundo desse mar.

- Ah, sim. Eu já tenho o queijo dourado. Mas o que eu quero mesmo é a chave da Porta! Eu nunca quis o tesouro, porque eu já tinha ele há muito tempo. Porém, para que a fechadura do queijo se abra, eu preciso dessa chave. - Explicou Jack - Agora chega de papo e passa ela pra cá logo, porque eu sei que está com você.

- Mas você não pode abrir o queijo, se não... - Disse James.

- Se não o que? Eu vou morrer? Meu corpo vai pegar fogo? Ou será que um raio cairá na minha cabeça? Não, James, se eu abrir aquela fechadura eu vou  ser a pessoa mais importante e idolatrada de todo este planeta! Então me dá logo essa chave por bem, porque se não você vai dar por mal! - Ordenou Jack.

- Não, nunca! - Negou James - Você não vai mais cometer loucura nenhuma!

Ao dizer isso, James pega a chave da Porta das Sombras em seu bolso e a joga no mar. Jack tenta pegá-la antes que caia lá, mas não consegue. Agora a chave estava perdida nas águas do Oceano Ratlântico.
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CAPÍTULO 22

Durante tudo isso, Douglas ficou pensando em algo que o intrigou. Se Jack já tinha o queijo dourado, por que permitiu que ele passasse por todos aqueles perigos para ir atrás do queijo dourado? Diante disso, Douglas disse:

— Espera um pouco… então você já tinha o tesouro o tempo todo e me fez passar por tudo aquilo por causa do falso baú dourado?

— Douglas, isso fazia parte do plano. – Respondeu Jack.

— O quê? Me matar? Esse era o seu plano? – Perguntou Douglas.

— Olha, se você não fizesse isso, James saberia que o tesouro estava comigo o tempo todo. Você só precisava pegar a chave da Porta! – Disse Jack.

— Não interessa! Eu poderia ter morrido lá! – Exclama Douglas, e, após fazer uma breve pausa, continua – Era para dominarmos o mundo juntos, mas agora você está liderando tudo! Já chega, não vou mais tolerar isso!

Ao dizer isso, Douglas se atirou para cima de Jack, e eles começaram a brigar. Os guardas ficaram só olhando, sem saber o que fazer.

— Nós precisamos sair daqui. – Cochichou James para Katarina e seu irmão.

Então James percebeu uma coisa bem grande atrás de algumas árvores. Parecia ser um barco. Daí, enquanto todos estavam distraídos, ele correu rapidamente para lá e percebeu que era mesmo um barco, obviamente de Jack que esperava a chave da Porta das Sombras para ir embora. Katarina, Lucas e Bianca também conseguiram fugir sem chamar a atenção, e estavam logo atrás de James. Então o rapaz teve uma ideia e disse:

– Já sei, pessoal! Vamos até o barco deles e roubamos o queijo dourado, antes que ele cometa mais uma loucura!

Lucas, Katarina e sua mãe concordaram com James e o seguiram até o barco de Jack. Chegaram lá rapidamente, e logo James já percebeu que lá tinha um baú igual ao que estava no barco em que vieram até a ilha. James se lembrou daquela noite em que Michael o acordou com vontade de ir ao banheiro, e James tentou abrir o baú que tinha no barco. Naquela vez o baú só tinha fotografias da família e outras coisas desse tipo. “Mas quem sabe esse não é um outro baú, e talvez o queijo dourado esteja aqui dentro”, pensou James.

Então Lucas pegou, em sua mochila, uma ferramenta muito útil para abrir fechaduras sem precisar usar chaves quaisquer. Lucas utilizou a ferramenta na fechadura do baú e conseguiu abri-lo. Todos estavam expectativos. Porém, nada foi encontrado lá dentro, além das mesmas fotografias e objetos antigos. Mas o tesouro mesmo não estava lá.

James contou então para Katarina e seu irmão a respeito do baú que viu no outro barco de Jack, que era igual esse baú que eles tinham acabado de abrir, e tinha as mesmas coisas dentro. Katarina ficou surpresa e disse:

— Então é o mesmo baú! Mas, como o outro barco afundou… por que Jack salvaria esse baú e o traria para este outro barco, se não tivesse nada de valor aqui?

— Ora, talvez porque ele queria salvar as lembranças de sua família que estão aí dentro. – Concluiu Lucas.

James e Katarina riram, e ela disse:

— Lucas, Lucas… você é tão ingênuo! Jack não ia salvar este baú a toa!

— É, Lucas. Além disso, essa não é a família de Jack! Ele nem se importa com os pais dele, e muito menos conosco. – Disse Bianca.

— Claro, ele é muito esperto. Não vou me surpreender se encontrar o queijo dourado por aqui.  Suspeitou James.

Então James começou a tirar todas as coisas velhas do baú, e os outros ajudaram. Ao terminarem, perceberam que não havia como o tesouro estar ali.

— É, ele não está aqui mesmo… Vamos procurar em outro lugar, pois não temos muito tempo, logo os guardas perceberão que nós não estamos mais lá. —Disse Bianca.

Mas, ao observar melhor o baú, James estranhou dois parafusos bem esquisitos e pequenos no fundo do baú. Parecia algo improvisado. Então ele perguntou:

— Lucas, você tem uma chave de fenda aí?

— Tenho sim. Vou pegá-la na minha mochila.

Depois de encontrá-la, Lucas entregou a chave de fenda para James, que começou a desparafusar rapidamente o fundo do baú. Até que terminou. Eis a descoberta então: atrás daquela chapa de ferro que cobria o fundo do baú com um pano para disfarçar tinha um espaço onde cabia algumas coisas. E como James imaginou, ali estava o queijo dourado, embrulhado em uma fechadura que só poderia ser aberta com a chave da Porta das Sombras.

De repente, James, Lucas e Katarina escutam vozes num tom bem baixo. Pedidos de socorro e batidas pareciam vir da parte de baixo do barco. Mas, para entrarem lá, teriam que abrir uma porta. Todos correram para lá, e, usando a ferramenta de abrir fechaduras de Lucas, conseguiram abrir a porta. Atrás dela tinha uma escada, que logicamente levava até a parte de baixo do barco. Os gritos e batidas ficavam mais altos, à medida que desciam.

Até que James passou em frente de uma parede de madeira do barco, na parte de baixo, e percebeu que a voz ficou mais alta ali. O ambiente estava escuro, então acendeu uma lanterna que tinha em sua mochila. Na frente da parede, Lucas perguntou:

— Tem alguém aí?

Não demorou muito até que alguém respondesse:

— Sim!!! Socorro!!! Me ajude, estou preso aqui!!!

— Espere, vamos ajudá-lo! Fique calmo!!! – Gritou Katarina, para que eles pudessem ouvir.

Então James ouviu um choro irreconhecível. Nesse momento, ele parou de tentar quebrar a parede de madeira e ficou emocionado. Começou a chorar silenciosamente de alegria e emoção. Ele não podia acreditar que finalmente tinha encontrado seus irmãos, e que eles estavam realmente vivos!

Katarina terminou de quebrar a parede enquanto James chorava sem acreditar que tinha encontrado seus irmãos. Então a parede foi quebrada, e pela luz da lanterna foi possível ver que James estava certo: era mesmo seus irmãos, Matheus e Laura! Eles imediatamente correram na direção de James e eles se abraçaram. Os três ficaram muito emocionados e choraram o tempo todo.

Todos ficaram felizes então e subiram rapidamente até a parte de cima do barco, pois precisavam sair dali antes que acontecesse outra tragédia. Agora era só sair daquele lugar, por que todos estavam ali – James, seus irmãos, Katarina, Bianca, Lucas e o magnífico tesouro dourado. Tudo estava bem!

No barco de Bianca, onde estavam Douglas, Jack e seus guardas, a briga entre eles finalmente acabou quando Jack derrubou Douglas no chão pela última vez. Após isso, ele se levantou lentamente e ia falando com James, quando percebeu que ele não estava mais ali.

— Para onde eles foram?

Os guardas responderam que não sabiam, pois nem tinham visto ele escapar, e pensavam que eles estavam ali ainda. Então Jack percebeu que James estava em seu barco, e estava fugindo.

— Não… não! Ele está no meu barco!!! Não deixe ele escapar!!! Mate-os!!! — Ordenou Jack.

Obedecendo à ordem de Jack, os guardas saíram do barco de Bianca e correram pela praia na direção do barco de Jack. Assim que o avistaram, não conseguiram subir nele, porque já estava longe da areia. Então eles pegaram suas armas, miraram no barco e começaram a atirar.
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CAPÍTULO 23
Todos que estavam no barco se abaixaram diante dos tiros. Nenhuma bala conseguiu furar a madeira do barco, porque Jack já tinha o preparado para isso. Ele projetou um barco bem resistente, para se proteger de qualquer ataque contra ele.

Mas Jack não ficou parado. No barco de Bianca mesmo, ele foi impedir James de sair da ilha. Jack avançou o barco que ele estava até que ele ficasse próximo do barco de onde estava James. Bianca ficou no controle do barco e tentou fugir, para ficar longe de Jack, mas não conseguiu. Jack bateu com força um barco no outro. Com isso, Bianca caiu na madeira do barco, que ficou parado por não ter ninguém para pilotá-lo.

Os barcos estavam tão próximos que Jack conseguiu passar para o outro barco, onde estava James, seus irmãos e amigos. Todos estavam com medo do que Jack poderia fazer, ainda mais estando armado.

Então todos aos poucos correram na frente do baú dourado, para impedir que Jack o levasse embora.

- Você não vai passar por aqui! - Disse Katarina corajosamente.

- Oh, estou tremendo de medo. - Disse Jack sarcasticamente – Vocês esqueceram que eu tenho uma arma e nenhum pouco de medo de usá-la?

Jack ficou na frente de todos eles e mirou a arma em Katarina, que estava na frente de todos os outros. Ao observar isso, Bianca conseguiu levantar e voltou ao comando do barco. Então ela fez com que o barco fizesse uma longa curva. Com isso, Jack caiu no chão, e a arma disparou para o céu. James correu até Jack e tentou pegar sua arma, mas não conseguiu, pois o barco fez outra curva, e a arma escorregou e foi parar do outro lado do barco.

Sem arma alguma, Jack resolveu acabar com James com as próprias mãos. Então James começou a apanhar, mas para se defender ele também teve que brigar. E os dois ficaram brigando deitados, rolando pelo barco.

No outro barco, Douglas estava muito ferido, sangrando. Mesmo assim, ele não desistiu e foi até o outro barco salvar o irmão. Ainda cambaleando, Douglas puxou Jack e bateu nele. Mas logo ele recebeu outro soco de volta de Jack, e desmaiou. James aproveitou a distração para ir atrás da arma para se defender. Mas quando estava quase alcançando, foi surpreendido por Jack que puxou seu pé, o distanciando da arma.

Katarina viu todo o desespero de James e resolveu interferir na briga, para ajudá-lo. Lucas pegou luvas e objetos de proteção e também entrou no meio da briga. O ambiente virou um caos. Diante de tudo isso, Laura começou a berrar, gritar e chorar escandalosamente. Seus berros não eram como de um bebê comum, pois fazia os ouvidos doerem.

Com a dor nos ouvidos, todos pararam de brigar, e ficaram quietos. Douglas acordou do desmaio. James, Katarina e Lucas ficaram arrependidos ao perceberem o que estavam fazendo. James foi então até Laura, todo machucado, para fazer com que ela parasse de chorar, e deu certo. Mas com essa distração, Jack aproveitou a ocasião e pegou sua arma de volta.

- Já chega!!! - Exclamou Jack, se levantando todo ferido – Tudo isso acaba aqui! E Bianca, nem pense em mexer nos comandos desse barco mais uma vez! Sai logo dessa cabine de comando ou eu mato o seu filho!

Então Jack mirou a arma em Lucas. Em vista disso, Bianca o obedeceu, sem que houvesse outra escolha.

- Agora quero que todos vocês saem desse barco e deixem o tesouro aqui! E nada de gracinhas! Vão, vão, vão, vão!!! - Repetiu Jack rapidamente.

Com medo e sem opções, todos obedeceram e foram passando para o outro barco aos poucos. Mas James não podia permitir que Jack ficasse com o queijo dourado. Se isso acontecesse, ele governaria todo o mundo, e todos teriam que obedecê-lo para o resto da vida! Isso não poderia acabar assim, e James tinha que reagir. Douglas pensou da mesma maneira que James. Ele estava desesperado, mas não sabia o que fazer. Porém, ele era o culpado de tudo isso, afinal.

Enquanto todos saíam, Jack foi até o baú e retirou o queijo dourado que estava embrulhado. Ele precisava da chave da Porta das Sombras para abrir, mas ela estava no mar, porque James a jogou lá. Então ele pegou em seu bolso uma outra chave. “Mas como ele tinha outra chave, e porque ele queria a chave que eu tinha, se já tem uma?”, pensou James. Mas Jack não tentou abrir a fechadura com a chave. Ele apenas ficou olhando para a chave e depois mexeu na espécie de “armadura”, que cobria o queijo dourado. Daí, Jack sussurrou para si mesmo:

- Droga, agora que não tenho a outra chave será difícil descobrir a senha.

James ouviu o que ele disse, e pensou: “Então a chave não serviria para abrir o baú, mas sim para revelar o resto da senha para que o baú pudesse ser aberto!” James lembrava da senha que viu na chave, mas Jack não sabia disso.

Enquanto Jack estava distraído mexendo no queijo, Douglas foi quietamente até a cabine de comando. Então fez com que o barco fizesse uma curva, assim como Bianca fez antes. O queijo dourado embrulhado que estava na mão de Jack caiu então no mar, escorregando da mão dele, por causa da curva.

- Não!!! - Berrou Jack.

Então Douglas saiu da cabine de comando rapidamente. Ao ver isso, Jack, com muita raiva, pegou a arma e, sem pensar duas vezes, mirou em Douglas e atirou. Todos se desesperaram, e Michael abraçou Laura para que ela não vesse. Daí, todos olharam na direção de Douglas.

Para a surpresa de todos, ele estava bem, e não foi atingido pela bala. Porém, James se atirou na frente dele antes do tiro, e por isso foi acertado. Ao ver isso, todos ficaram desesperados e Katarina deu um grito alto. Então todos correram até James.

- James!! James!!! Calma, vai ficar tudo bem! Só fica comigo! Não vai!!! - Exclamou Katarina, desesperada.

- James, mano! Não morra, James! James!!! - Gritou Michael.

Os olhos de James começaram a se fechar lentamente. Todos estavam chorando amargamente, mas Katarina e Michael estavam chorando mais. Então eles perceberam que a bala tinha atingido o peito de James, uma parte do corpo que poderia levar à morte, se algo assim acontecesse. Sim, James parecia estar morto.
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CAPÍTULO 24
Agora todos estavam tristes e ao mesmo tempo com raiva, e queriam se vingar de Jack por ter matado James. Mas Jack já sabia disso, e por isso ele tinha sumido. Lucas sabia que Jack ainda estava ali no barco, porque não havia outro lugar para fugir - eles estavam cercados de água! Além disso, o aparelho que Lucas tinha para encontrar pessoas mostrava que ele ainda estava por ali, escondido em algum lugar daquele barco. Portanto, Lucas, Bianca e Katarina tinham que encontrá-lo antes que fizesse mais uma loucura.

Então Katarina foi até a parte debaixo do barco, onde Michael e Laura estavam presos minutos atrás. Bianca e Lucas foram logo atrás de Katarina. Essa era a hora de resolver aquilo com Jack de uma vez por todas! Era de madrugada, e por isso Katarina teve que acender um palito de fósforo. Ela estava armada para se defender de qualquer coisa que Jack tentasse fazer.

Lá em cima do barco, Douglas estava todo machucado no chão, ao lado de James, que estava inconsciente. Ele estava ferido pela briga que teve com Jack há um tempo atrás. Michael estava muito triste, mas ele precisava saber se James ainda estava vivo ou não. Se ele estivesse morto, saber disso o machucaria muito, mas e se estivesse vivo? O problema era que Michael não sabia como descobrir se James estava vivo ou não. Ele tinha pouco conhecimento sobre o assunto, ainda era uma criança.

Na parte debaixo do barco, sem perceber Katarina se afastou aos poucos de Bianca e Lucas, que vinham logo atrás dela, andando mais devagar. Até que, de repente, Jack apareceu do escuro e pulou em cima de Katarina, lançando a arma que ela tinha na mão para longe deles.

Ao verem isso, Bianca e Lucas foram correndo imediatamente para ajudar Katarina quando uma parede de madeira saiu do chão até o teto da parte debaixo do barco, trancando, assim, Jack e Katarina a sóis. Quem tinha acionado essa parede de madeira foi Jack, que já previa o acontecido.

Mesmo sendo homem e Katarina sendo mulher, Jack não hesitou em brigar com Katarina. Se ela não conseguisse se defender, levaria golpes do covarde. De repente, Katarina jogou Jack para longe, e correu para pegar a sua arma. Com isso ela conseguiu pegar a arma e logo mirou em Jack.

O ambiente não estava totalmente escuro, pois haviam pequenas janelas onde Katarina e Jack estavam. Como a lua estava cheia, sua luz passava pelos vidros das janelinhas. Mesmo assim, ainda estava escuro. Mas logo a escuridão foi interrompida quando Jack acendeu um palito de fósforo. Vendo a arma na mão de Katarina, o covarde logo colocou as mãos para frente e ao mesmo tempo para cima. Depois de um curto período de tempo, ele disse:

- Vamos, filha, atire de uma vez! Acabe com tudo isso!

Katarina começou a chorar, ainda apontando a arma para Jack, que novamente pediu:

- Atira logo! Atira!!!

Sensibilizada com isso, Katarina foi abaixando a arma aos poucos e a jogou no chão, ainda chorando. Ela não tinha coragem para matar seu pai, por mais que ele seja a pior pessoa do mundo. Depois disso, Jack disse:

- Se você não vai fazer isso, então eu mesmo faço. Desculpa, filha.

Ao dizer isso, Jack pegou um produto inflamável que havia com ele e despejou um pouco no chão. Após isso ele jogou o fósforo aceso no chão. O fogo rapidamente se espalhou por ali, e a madeira do barco facilitou mais ainda a queima. Jack então se jogou no meio do fogo, se suicidando. Katarina chorou ainda mais alto ao ver isso e berrou:

- Não!!!

Agora ela precisava sair dali, antes que o fogo chegasse até ela ou até alguma parte do barco que fosse explosiva. Isso causaria uma grande explosão no barco, que poderia matar todos. Do outro lado da parede de madeira que separava a parte debaixo do barco, Bianca e Lucas perceberam que havia fogo ali do outro lado e se desesperaram.

- Katarina!!! Você está bem??!! - Gritou Bianca.

- Sim!!! - Gritou Katarina, respondendo à mãe.

Por sorte, o fogo chegou até a parede de madeira e a queimou, fazendo um buraco nela. Mas apesar de abrir uma passagem, ainda não era possível  passar pro outro lado, pois a chama estava trancando o caminho.

- Lucas, precisamos apagar este fogo!!! - Exclamou Bianca, desesperada.

- Tá, vou buscar o meu mini-extintor de incêndio na minha mochila. Lucas subiu a escada imediatamente, indo até sua mochila.

Porém, o fogo lá em baixo chegou até o teto, que era o chão da parte de cima. Com isso, o chão da parte de cima do barco também se queimou, fazendo um buraco ali. A mochila de Lucas estava do outro lado, e não dava para passar por cima do buraco, pois além de ser grande, o fogo ali estava alto.

As chamas se espalhavam pelo barco, e estava chegando até James, que estava inconsciente. Mas ninguém sabia se ele estava mesmo morto, então logicamente ainda tinham que cuidar do corpo dele.

- Lucas, precisamos colocar James no outro barco! - Disse Michael, observando o perigo.

Então Michael e Lucas, os únicos capacitados ali, seguraram James e tentaram o levantar. Conseguiram até levantá-lo, mas não carregá-lo por muito tempo.

Percebendo a demora de Lucas para buscar o extintor, Bianca percebeu que algo deu errado. Desesperada para salvar Katarina, Bianca não podia mais esperar. Ela pegou uma marreta que encontrou em uma caixa de ferramentas que havia ali e bateu com bastante força na parede, que se quebrou. Felizmente, Katarina estava logo ali atrás daquela parte da parede, onde não havia fogo ainda. Ela estava desmaiada por causa da fumaça tóxica. Bianca a tirou dali imediatamente, e a levou para a parte de cima do barco.

Metade daquele barco, que era de Jack, já estava todo destruído. O fogo fez também buracos no barco, que fez com que ele fosse afundando aos poucos. Bianca colocou Katarina no seu barco, que estava logo ao lado do que estava em chamas, e foi ajudar Lucas e Michael a tirarem James do barco. Douglas também estava inconsciente, então Bianca, seu filho e Michael também tiraram Douglas dali. Mas esse ainda não era o fim de tudo.
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CAPÍTULO 25
Penúltimo capítulo
Agora Jack estava morto. Douglas, James e Katarina estavam desmaiados. Bianca era a única adulta acordada e consciente ali.

Os guardas de Jack tinham ficado na ilha Brakemod. Ela ainda não estava submersa por completo. Como não era de se esperar, Bianca avistou os guardas em um pequeno bote salva-vidas, indo em direção ao barco dela.

Bianca correu imediatamente para a cabine de controle do barco a fim de levá-lo para longe dos guardas. Mas antes que ela pudesse chegar até a cabine de controle do barco, um tiro a distância de um dos guardas acertou a janela da cabine. Por sorte, não ocasionou nenhum dano a ninguém nem ao barco. Por causa do tiro, Bianca se assustou e deitou no chão.

Percebendo a aproximação dos guardas, Bianca se escondeu atrás de uns barris, junto com Michael e Laura. Os guardas se aproximaram do barco com o bote e, armados, subiram no mesmo. Olharam em volta, procurando Bianca e os outros.

- Ora, ora, ora... parece que falharam novamente. - Dizia um guarda que tinha mais autoridade que os outros, enquanto caminhava lentamente pelo barco. - Pobre Jack! Que morte horrível. Bom, mas o importante é que agora eu posso governar este planeta sozinho, sem precisar dele! Além disso, essa morte me poupou do trabalho de ter que matá-lo depois para roubar o Queijo dourado de suas mãos para mim. Sabe por que?

O guarda aguardou resposta, enquanto ainda dava passos lentos pelo barco. Mas visto que, logicamente, ninguém responderia, ele mesmo respondeu:

- Ninguém sabe? Então eu mesmo terei que responder. Porque esse queijo não pertence a ele.

Quando terminou de dizer isso, o guarda já estava em frente à cabine de controle, onde Bianca, Michael e sua irmã se escondiam. Ele estava preparado para atacar. Bianca já sabia disso, pois viu seus pés por debaixo da porta da cabine, mas ela não sabia o que fazer. Então Bianca viu um martelo no chão, a única arma para defesa de que tinha acesso naquele instante. Silenciosamente, ela se esticou e pegou o martelo, voltando rapidamente ao seu lugar, próximo à porta da cabine, onde o guarda não podia a ver.

Mas mal sabia ela que, por um infeliz reflexo num vidro que estava em frente da cabine de comando era possível que o guarda visse Bianca. Então ele já sabia o que ela ia fazer.

De repente, sem perder tempo, Bianca decide agir. Abre a porta rapidamente e dá uma martelada com o objetivo de acertar o pé ou a perna do guarda. Mas ela foi surpreendida com o próprio guarda, que segurou o martelo com a mão, enquanto ele ainda estava no ar. Bianca percebeu que tinha falhado e ficou com muito medo. Então soltou o martelo.

O guarda jogou a marreta no chão e apontou a arma para Bianca, dizendo:

- Já chega Bianca, cansei de suas brincadeiras. Se eu fosse Jack, já teria te matado há muito tempo. Mas agora que tenho a chance, posso finalmente fazer isso. Então diga adeus!

Não havia como Bianca escapar ou se defender agora. Ela estava imóvel no chão, por que acreditava que agora seria o seu fim. Mas nesse instante, quando o guarda ia puxar o gatilho, de repente se ouve um disparo e ele cai no chão. O disparo não foi de sua arma. Atrás dele estava Katarina, feliz por ter salvado a vida da mãe e ao mesmo tempo assustada por ter atirado em alguém. Bianca ainda responde ao guarda:

- Adeus!

Então ela corre até Katarina e as duas se abraçam.

- Que bom que você está bem, filha! Eu te amo!

- Também te amo, mãe! - Respondeu Katarina.

Os outros guardas observaram tudo e ficaram apavorados, com medo de que Katarina também os matasse. Então imploraram:

- Por favor, não nos mate! Só fizemos tudo isso por que Jack nos prometeu que seríamos como uma verdadeira família feliz! E também ele nos mataria se não fizéssemos o que ele nos obrigou a fazer!

Katarina ficou ouvindo. Quando os guardas terminaram de falar, ela olhou mais um pouco para eles e jogou a arma no chão. Realmente tudo o que os homens contaram era verdade, e felizmente os outros acreditaram. Então os dois guardas sobreviveram, felizes por ter acabado bem para eles.

O queijo dourado tinha afundado no mar, e assim também a chave da Porta das Sombras. Talvez tivesse ido além do solo debaixo d'água, podendo ficar preso ali.

Douglas também estava bem, e não mais inconsciente. Michael e Laura vieram até ele, ainda com medo. Douglas ficou sem palavras, diante de tudo o que tinha feito. Chorou e se desculpou com seus irmãos menores. Então eles se abraçaram e Douglas e Michael choraram um pouco. Estavam mais unidos agora.

Menos aflita, Bianca abraçou seus dois filhos, Lucas e Katarina e, chorando, disse:

- Acabou, gente. Acabou!

Ao lado deles, o barco de Jack já tinha afundado, deixando apenas algumas madeiras boiando sobre a água. O dia tinha acabado de amanhecer. Todos ali no barco se sentiram mais aliviados. Porém, sabiam que ainda tinha um problema: James estava inconsciente. E talvez estivesse até mesmo morto!

Bianca foi até a cabine de controle do barco para levá-los para bem longe dali. Enquanto isso, Douglas, Katarina e Michael foram para perto de James, que estava deitado no chão, desmaiado ou morto.

O céu parecia pintado com rosa e roxo, e o Sol ainda estava bem perto do horizonte, pois acabava de nascer. A Ilha Brakemod teve suas últimas partes fora d'água, até que afundou totalmente. Algumas gaivotas voavam sobre o mar e o barco. Algumas estavam próximas, outras mais distantes. De perto e de longe se ouvia o som que elas faziam.

Bianca ainda chorava na cabine de comando, tentando esquecer tudo o que aconteceu. Mas era impossível para todos ali esquecerem do que viveram nos últimos dias, e como suas vidas foram fortemente afetadas por tudo o que aconteceu.

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CAPÍTULO 26
O fim
James ainda estava com sangue em seu peito, onde foi baleado. Ele estava lá, deitado na madeira do barco. Douglas, Michael, Lucas e Laura saíram dali e deixaram Katarina e James a sós, mesmo ele estando inconsciente.

Katarina se ajoelhou ao lado de James e começou a dizer:

- Sei que todos erramos... mas eu não devia ter discutido com você... Olha, eu faria de tudo para ter você ao meu lado de novo.

Enquanto falava, Katarina chorava amargamente e tocava o rosto de James.

- Me desculpe por não ter sido uma pessoa melhor! Mas por favor, não diga adeus... não desista de mim! Me desculpe, me desculpe! Agora volta pra mim, James! Por favor! Não vá!!

Katarina se calou um pouco e chorou mais. Depois, enxugou algumas lágrimas e continuou:

- Eu te amo, James... pena que demorei muito para dizer isso.

Com isso, Katarina se aproximou ainda mais de James e o beijou. Depois disso, ela se retirou e foi chorar na parte debaixo do barco.

Após muitas horas, Bianca consegue chegar até a praia mais próxima. Ali, ela rapidamente pede socorro, e explica a situação para as pessoas preocupadas. Uma delas chama o resgate e a polícia. Logo as ambulâncias chegam, junto com os carros de polícia e a imprensa.

James foi levado imediatamente até o hospital mais próximo. Ele foi atendido às pressas e levado até uma sala de cirurgias para retirarem a bala. Do lado de fora, Katarina, Bianca, Lucas, Douglas e Michael só esperavam, ainda chorando. As esperanças eram poucas.

Todos tiveram que procurar um lugar para dormir. E por sorte, Bianca ainda tinha dinheiro em seu barco, para pagar o hotel onde ficariam. Os dois guardas que estavam com eles foram para outros hotéis, e começaram uma vida nova.

SEIS MESES DEPOIS...

Com um guarda-chuva na mão, Katarina e Michael iam andando pela chuva, carregando algumas flores. Realmente, parecia que iam levar flores à um defunto no cemitério. 


Mas viraram a esquina e entraram num grande hospital. Falaram com a recepcionista e foram até uma sala. E lá estava James, deitado em uma cama hospitalar com os olhos fechados. Katarina e Michael se aproximam dele, e ela coloca as flores em cima da barriga dele.

Então seus olhos se abrem, e ele olha para Katarina e Michael sorrindo.

- Vocês vieram! - Disse James.

- E quando é que nós não viemos? - Perguntou Michael.

- É hora de ir para casa, sortudo! - Disse Katarina.

Nesse momento, um doutor e uma enfermeira entram na sala, trazendo uma cadeira de rodas. O doutor se aproximou de James e, depois de cumprimentar Katarina e Michael, disse sorrindo:

- Você é um homem de sorte, James. A bala poderia ter acertado o seu coração ou outro órgão vital.

- Quanto tempo eu ficarei usando cadeira de rodas? - Perguntou James.

- Você é forte, James. Logo você já estará andando novamente. Não tenho data específica, isso vai depender de você. Mas pode ser que dure uns dois anos aproximadamente, ou mais. - Respondeu o doutor.

Após dar um suspiro, James diz:

- Está bem. Com essas pessoas ao meu lado eu vou me recuperar logo mesmo.

Katarina e Michael sorriram. Logo em seguida, eles ajudaram a colocar James na cadeira de rodas, junto com a enfermeira. Depois disso, eles foram embora do hospital para a sua casa.

Bianca teve que vender seu barco para comprar aquela casa, já que necessitava mais da casa do que do barco no momento.

Ao entrar na casa, todos foram correndo até James, inclusive Laura, que já dizia suas primeiras palavras:

- Jami, Jami!

James deu risada e ficou tão feliz e emocionado ao vê-la que até chorou.

- Laura! Eu te amo querida!

Logo veio Bianca abraçar James, dizendo:

- James, que saudade! Que bom que você está bem... e em casa agora.

- Obrigado, Bianca. Concordo plenamente com você.

Em seguida, Douglas se aproximou de James e o cumprimentou inicialmente. Mas ele não aguentou conter as lágrimas e deu um forte abraço no irmão, que durou vários segundos.

- Eu te amo irmão! Obrigado por cuidar de todos! - Disse James, durante o abraço.

- Não, eu fracassei, James. Traí todos e quase os fiz morrer! - Afirmou Douglas, com lágrimas nos olhos.

- Mas você mudou, Douglas, e é isso o que importa! Você pode escolher seu destino, seus amigos, sua vida... e você fez a escolha certa desta vez! - Disse James.

- Valeu, irmão. Eu também te amo! - Exclamou Douglas.

Então Lucas veio logo depois abraçar James.

- Que bom ver você de novo, James!

- Igualmente, Lucas. - Concordou James.

- Já sei, tenho uma ideia! Porque não tiramos uma foto já que estamos todos juntos agora? - Sugeriu Lucas.

- Isso aí! Uma foto da minha verdadeira família! - Concordou James.

Então todos se posicionaram ao lado do outro na frente da câmera. Lucas configurou para que tirasse a fotografia automaticamente, e a foto foi feita com sucesso.

Ali estava então a nova família de James. Uma família lutadora, humilde e unida. A família que venceu todos aqueles desafios. Uma família corajosa e perseverante. Sim, a primeira família a encontrar a Porta das Sombras, passar por ela e encontrar o queijo dourado. Aquela família em que os membros estavam sempre juntos. Essa família iluminou a Porta das Sombras, e a transformou em apenas mais uma lenda do Transformice.

Fim da história

Elemento Surpresa
Esse parecia ser o fim. Mas algo parecia estranho na ilha Brakemod. Mesmo debaixo d'água, algo estava diferente na caverna da Porta das Sombras. Algumas pedras deslocaram-se da parede, deixando um grande buraco escuro. Era possível enxergar apenas duas bolinhas vermelhas que piscavam, uma ao lado da outra. Pareciam ser dois olhos não muito comuns. Então outras pedras saem da parede, e é possível ver vários pontos vermelhos. Parecia uma sociedade, ou uma colônia de olhos vermelhos arrepiantes. Talvez existissem milhões ali. Mas o que era aquilo? Eis o surgimento de mais um mistério da enigmática Porta das Sombras!

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© 2014 Jornal Mice & Diversão. Todos os direitos reservados. Atualizado em 25 de Outubro de 2014.

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